MEMÓRIA

Projeto do TJ recolhe documentos do século XIX de comarcas antigas de Goiás

"Medida tem grande relevância institucional e social, uma vez que fomenta o conhecimento dos públicos interno e externo acerca da história da nossa Justiça", diz presidente do Tribunal

Projeto do TJ recolhe documentos do século XIX de comarcas antigas de Goiás (Foto: Reprodução - TJGO)

O Centro de Memória e Cultura (CMC) do Poder Judiciário de Goiás recolherá documentos judiciais dos séculos XIX e XX (até 1937) nas comarcas mais antigas do Estado a fim de preservar a história da Justiça goiana. No entendimento da presidência do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), os fatos narrados, bem como a legislação, são testemunhas dinâmicas da história.

Assim, segundo o presidente desembargador Carlos França, “a medida tem grande relevância institucional e social, uma vez que fomenta o conhecimento dos públicos interno e externo acerca da história da nossa Justiça, que se confunde com a história da sociedade goiana, que completará, em breve, 150 anos desde que o Tribunal da Relação foi instalado na comarca de Goiás, em 1874. Temos uma história rica, da qual fizeram parte magistradas, magistrados, servidoras, servidores e, principalmente, cidadãs e cidadãos goianos, que no passar desses séculos tiveram acesso à prestação jurisdicional”.

O desembargador Itaney Francisco Campos, presidente da Comissão de Cultura do TJGO e do presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-GO), reforça a importância dessas informações. “O acervo documental é de grande importância e nos propicia mostrar a evolução social, política e judicial. Sempre sonhei com esse tipo de trabalho, cujos processos estão nas primeiras comarcas instaladas, muitas criadas por causa da cultura do garimpo, ainda no Século 18. Onde houve uma comunidade organizada, houve uma atividade judicial para organizar os litígios daquela sociedade”, destaca.

CMC

A iniciativa é capitaneada pelo CMC. A diretora do centro Laylla Nayanne Dias Lopes Vilarinho afirma que os documentos do Poder Judiciário transcendem a natureza administrativa e institucional. Segundo ela, os textos possuem um valor cultural e histórico que não se restringe somente ao órgão que estão vinculados e vão “muito além do documento, pois reúnem fragmentos sociais, detalhes da vida cotidiana, experiências, hábitos, costumes que, uma vez reconstruídos, potencializam sentidos simbólicos e identitários”.

O CMC vai recolher, tratar e catalogar toda a documentação. A primeira que teve a documentação recolhida, ainda em junho, foi a da cidade de Goiás. Estudantes da Universidade Estadual de Goiás (UEG), dos cursos de mestrado em Estudos Culturais, Memória e Patrimônio (Promep) e Língua, Literatura e Interculturalidade (POSLLI) participaram das atividades.

As próximas comarcas que terão os documentos recolhidos são: Luziânia, Formosa, Jaraguá, Pirenópolis, Corumbá de Goiás, Alto Paraíso, Cavalcante, Abadiânia, Catalão, Bela Vista de Goiás, Santa Cruz de Goiás, Ipameri, Rio Verde e Jataí. A expectativa é que até novembro os textos sejam recolhidos.