Parceria

Projeto e obras de revitalização da Marginal Botafogo terão orientação do Crea

Parceria foi firmada na segunda (26), durante visita do secretário na entidade, que terá participação contínua em todas as etapas do processo

Os problemas na Marginal Botafogo não foram descobertos da noite para o dia. Além de serem notados por quem trafega diariamente na via, eles são apontados pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-GO) desde 2015, embora os avisos tenham sido, até agora, ignorados ou deixados em segundo plano pela Prefeitura da Capital. Por outro lado, na segunda-feira (26), o órgão recebeu uma visita do secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos Francisco Ivo Cajango Guedes, o que ajudou a reestabelecer o diálogo entre as organizações.

Na ocasião, ficou decidido que o Crea irá colaborar com o a intensão de revitalização da via, na inspeção geral, opinar na escolha da empresa que irá realizar as obras, participar da elaboração do projeto e, posteriormente, do acompanhamento da execução. “Definimos uma participação contínua do Crea para a revitalização tenha êxito”, revela o vice-presidente da entidade Ricardo Veiga.

Para o titular da Seinfra, a parceria tem o objetivo de dar qualidade e agilidade no processo de revitalização da Marginal Botafogo. “Esse apoio só reforça o nosso compromisso com a cidade, sempre buscamos o dialogo atrás de soluções viáveis e definitivas com esse apoio”.

Ricardo, que também é engenheiro civil, afirma que o silêncio da entidade no último ano foi estratégico, mas reforça que o diálogo com a prefeitura tinha sido apenas pausado. “Fizemos alertas em 2015 e reforçamos eles em 2016. A gente não deve ficar sempre reprisando aquilo que já foi dito e decidimos não nos manifestar enquanto não houvesse novidade. Agora que houve, que decidiram fazer um trabalho consistente, vamos promover auxílio para que os resultados sejam eficientes”.  O trabalho, segundo ele, deve iniciar com uma “inspeção geral qualificada para dar suporte ao projeto”.

Parceria foi firmada pelo secretário na segunda-feira (26) (Foto: reprodução)

Na última sexta-feira (23/2), o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), autorizou a liberação orçamentária de R$ 1,3 milhão para que seja realizado o estudo de diagnóstico e reparos em toda a extensão da Marginal Botafogo. O serviço será realizado por uma empresa de consultoria de projetos que será contratada a partir de processo licitatório.

Espera-se que todo o levantamento leve um ano para ser realizado. Após o diagnóstico, a prefeitura de Goiânia realizará outra licitação, referente à obra de execução dos reparos necessários com base no estudo. Esta nova etapa, segundo previsões da Seinfra, só deve ter início em 2019.

“Além da escolha por preço, a Lei de Licitação prevê a seleção de empresas por critérios técnicos e, simultaneamente, por preço. Vamos ajudar a selecionar uma construtora que tenha capacidade real de fazer o trabalho, que é multidisciplicnar e envolverá profissionais das engenharias civil, ambiental e especialistas em hidrologia. É um espectro considerável de disciplinas que irão ser utilizadas no projeto”, observa.

A via passou por interdições após fortes chuvas ocorridas na semana passada. Segundo Francisco Ivo, a via deve passar por intervenções e interdições contínuas nos próximos 90 dias, enquanto projeto e licitações são elaborados.

Problemas estruturais

Para Ricardo, o projeto inicial datado do início da década de 1970 foi poucas vezes requalificado para atender as demandas da população. “De lá pra cá, foram feitas, praticamente, apenas obras emergenciais. A via já está numa situação complicada. É necessário que seja feito um projeto que promova atualização dos dados originais da obra original”.

Vice-presidente do Crea, Ricardo Veiga reforça que intervenções são necessárias (Foto: Alex Malheiros)

O engenheiro avalia que a maior parte dos problemas que afetam a Marginal Botafogo foram desencadeados a intensa ocupação da Região Sul da cidade, na década de 1990. “Temos uma ocupação expressiva nesse período, que contribuiu para uma extensa impermeabilização do solo. A drenagem ficou comprometida, o que ocasiona volumes expressivos de água e em pouco tempo dentro do córrego. Temos que coletar novos dados estatísticos para apurar o regime de chuvas e a impermeabilização do montante do córrego”.

Segundo ele, a pista margeia uma região de fundo de várzea, que aglomera diversas nascentes ao longo do córrego. Os corpos d’água, conforme explica Ricardo, aceleram o processo de erosão da avenida. “A água brota e ajuda o processo de erosão. É um problema geral que ocorre dentro do canal, que foi construído em área de nascentes. É um vale. Essa condição é uma das referências que precisam ser analisadas com presteza”, avalia.