Projeto forma pessoas trans, travestis e mulheres vítimas de violência em curso técnico na capital
Iniciativa é do MPT-GO. Ideia é promover mais oito cursos em Goiânia e dois no interior
Um grupo de 15 pessoas trans, travestis e mulheres vítimas de violência se formou em um curso técnico na área de costura e design de moda nesta segunda-feira (27), em Goiânia. O projeto, promovido pelo Ministério Público do Trabalho de Goiás (MPT-GO), tem o objetivo de garantir oportunidade de emprego para populações vulneráveis do estado.
O projeto foi batizado “Mais um sem dor” e conta com o apoio da Justiça do Trabalho (TRT de Goiás), da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-Goiás) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). De acordo com a coordenação, várias participantes já aguardam processos de seleção em diversas empresas.
Além das aulas técnicas, o projeto promoveu workshops, palestras e oficinas sobre diversos temas, como empreendedorismo feminino, arte e treinamento com coaching.
A educação para a população trans
Para a psicóloga e mestre em saúde mental, Beth Fernandes, a iniciativa do MPT-GO é muito importante para ajudar na reinserção da população trans na sociedade. “Essa população tem várias dificuldades para se inserirem porque elas foram excluídas de todos os espaços”, disse a psicóloga.
Beth, que também é presidente da Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do estado de Goiás (Astral), afirmou também que a educação é um passo importante para mudar essa realidade.
“A maioria dessas pessoas saem da escola cedo”, disse Beth. “Das pessoas filiadas aqui na associação, mais de 70% não completaram o nível médio. Elas também são expulsas do seio familiar muito cedo, por terem a sua própria identidade com o seu corpo. Além disso, a maioria são pardas e negras. Qual a condição que a gente dá para essas pessoas?”.
Prostituição
A falta de acesso à educação faz com que travestis e transexuais recorram à prostituição. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% das pessoas trans recorrem a essa profissão ao menos em algum momento da vida.
Para Beth, iniciativas como essa permitem que as pessoas tenha outras possibilidades de trabalho. “Esses cursos garantem autonomia para essas pessoas, e é isso que elas precisam. A prostituição não pode ser a única alternativa dessa população”, concluiu.