Projeto social ensina arte do circo para crianças de baixa renda
Há 24 anos crianças e adolescentes têm a oportunidade de desenvolver habilidades artísticas e garantir um futuro melhor
E hoje tem espetáculo? Tem sim, senhor! O circo Laheto atende, há 24 anos, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e proporciona uma nova perspectiva de vida por meio da arte.
Valdemir de Souza, mais conhecido como Maneco Maracá, fundou o circo em Goiânia com o objetivo de, juntamente com sua esposa, Seluta Rodrigues, pesquisar e desenvolver conhecimentos sobre artes cênicas aplicadas ao teatro. Ele explica que o objetivo inicial não era atender crianças, mas que aos poucos a comunidade começou a se aproximar do circo e o casal enxergou uma oportunidade de atender a população.
Desde então, no Circo Laheto são desenvolvidas aulas e oficinas com crianças e adolescentes de baixa renda que vivem em bairros considerados perigosos e frequentam escolas públicas. Os alunos aprendem atividades circenses como perna de pau, malabares, tecido acrobático, palhaço e também desenvolvem o gosto pela leitura e pela atuação, têm aulas de matemática, fotografia e brincadeiras tradicionais.
Maneco explica que 97% das crianças e adolescentes se encontram em estado de vulnerabilidade social e por isso, o Laheto se mostra como uma alternativa. “Eu acho que não há possibilidade de uma formação integral de um ser humano sem arte, filosofia, cultura. Eu acho fundamental para a transformação da criança, a arte é um fator motivador que aguça a fantasia da criança e possibilita uma transformação lúdica”, explica.
Em um levantamento feito pela própria equipe do circo há cerca de dois meses, encontraram o número de 6 mil como sendo a quantidade de crianças e jovens já atendidos direta ou indiretamente pelo Laheto. Maneco explica que existe um convênio com a Prefeitura para manter o projeto, mas que grande parte dos recursos tem origem em leis de incentivo à cultura e no cachê cobrado pela trupe em seus espetáculos.
Hoje, Maneco não ministra mais palestras e cursos, o papel de ensinar está com integrantes do Laheto que fazem parte do projeto desde 1996 e aprenderam o suficiente para repassarem essa sabedoria. “Isso é importante, hoje todo o processo pedagógico é guiado pelos jovens, e com muita competência. Eles aprenderam as metodologias e hoje ensinam, isso torna a aprendizagem dinâmica”, pontua.
Ele ressalta também que quando uma criança chega ao circo, toda sua família também é amparada, uma vez que se detecte a necessidade de psicólogos, assistentes sociais ou outros profissionais, a equipe do Laheto se mobiliza para garantir que o atendimento seja feito.
A sede do circo está em um terreno do Estado. Maneco explica que já houve pressão para que o projeto deixasse o local, mas que um acordo foi feito e que, por enquanto, a situação está regularizada.
Quem quiser conhecer mais sobre as atividades desenvolvidas pelo Circo Laheto, dia 16 de outubro vai ser realizada uma comemoração do Dia das Crianças na sede, Av. H, esq. c/ 72 (Parque da Criança) Jardim Goiás, Goiânia, em dois horários: das 08h às 11h pela manhã e das 14h às 16h, pela tarde.
* Amanda Sales é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lôbo.