KIT COVID-19

Promotora recomenda suspensão na distribuição de ivermectina em Sanclerlândia

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) recomendou à Secretaria de Saúde de Sanclerlândia, a 155…

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) recomendou à Secretaria de Saúde de Sanclerlândia, a 155 quilômetros de Goiânia, que suspenda a distribuição do chamado “kit preventivo” contra a covid-19. Segundo o órgão, os kits eram compostos por  três comprimidos de ivermectina, 30 comprimidos de zinco e quatro comprimidos de vitamina D (cada qual com 7 mil ui), para a população.

Segundo a secretária de Saúde do município, Dennyse Mendonça Ribeiro, a recomendação foi acatada e a distribuição está suspensa na cidade, pois não há recomendação científica sobre a eficácia do medicamento contra a doença.

A recomendação

A promotora Ariane Patrícia Gonçalves utilizou do mesmo argumento para compor a recomendação. Segundo ela, a prefeitura e a secretaria municipal de Saúde devem observar outras medidas de enfrentamento da doença, mas que tenham evidências científicas de sua eficácia. Além disso, a promotoria determinou que a prefeitura diga, nas redes sociais, que os remédios distribuídos pela Secretaria Municipal de Saúde não têm eficácia comprovada e que a distribuição dos kits não dispensa cuidados básicos, como lavar as mãos, usar álcool em gel e máscara.

A promotora reiterou sobre o posicionamento da Sociedade Brasileira de Infectologia, que também questiona a utilização do medicamento no tratamento da doença. “Assim, o Ministério Público entendeu que a divulgação da distribuição de kits de prevenção pode induzir comportamentos arriscados na população, por gerar falsa sensação de segurança, além de falsas expectativas, e impactar negativamente na adesão a outras medidas de prevenção”, pontua.

Ariane ressalta que a promotoria da cidade tomou conhecimento da distribuição dos medicamentos pelas redes socais da prefeitura da cidade. Nas publicações, segundo a promotora, não era esclarecido sobre a necessidade de continuar realizando medidas eficazes contra a doença.

“A aquisição de ivermectina, zinco e vitamina D pelo poder público configura prática antieconômica, por não prezar pelo bom uso do recurso público, ao drenar investimentos que deveriam ser aplicados na ampliação das ações que comprovadamente auxiliam no controle da epidemia”, diz a promotora.

Conscientização

Dennyse contou ao Mais Goiás que acatou a recomendação e que também está sendo realizado a conscientização em farmácias sobre o assunto. “Houve um cronograma no ano passado para entrega desses medicamentos. Uma aconteceu em setembro, a outra em dezembro e teve a última que foi agora em janeiro. Essa entrega foi só para cumprir esse calendário”, afirma.

Além disso, ela destaca que já foi feita nas redes sociais que a publicação sobre que, mesmo que as pessoas usem o medicamento, não fica dispensado a utilização de máscara e do álcool em gel. “Agora, as pessoas tomam apenas se for por prescrição médica, já que o profissional é responsável”, afirma.

Por fim, a secretária afirma que não tem o objetivo de continuar com esse projeto, já que a realidade é outra. “No ano passado estava tudo muito incerto ainda. Não se sabia muita coisa. Hoje a vacina é uma realidade e já estamos aplicando-as nos grupos prioritários”, ressalta.

Cloroquina

Um outro medicamento polêmico é a cloroquina e hidroxicloroquina. Num estudo global e envolvendo mais de 11 mil pessoas, a Organização Mundial da Saúde concluiu que nem um dos dois e nem o antiviral remdesivir mostraram eficácia contra a covid-19. Vale lembrar que a hidroxicloroquina é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Porém, a promoção do medicamento vem caindo por terra. Com o aumento de casos pelo mundo – e até aparecimento de novas variantes do coronavírus, muitos defensores têm voltado atrás das duas considerações.

Um deles é o microbiologista francês Didier Raoult. Ele admitiu pela primeira vez que a substância não reduz a mortalidade ou agravamento da doença. O pesquisador fez a afirmação em uma carta publicada em 4 de janeiro no site do Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia, da França.

Após a chegada das vacinas, até mesmo Bolsonaro está mudando o discurso. Principalmente com a crise agravada em Manaus pela falta de oxigênio, que era de conhecimento do Ministério da Saúde, e gastar com envio dos medicamentos à cidade, mesmo sem confirmação científica. Por causa disso, o Superior Tribunal Federal (STF) autorizou abertura de inquérito para investigar o ministro Eduardo Pazuello.