“Propósito de Deus”, diz juíza que deixou cargo em Anápolis após 16 anos
O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) informou, na quinta (25), que a juíza Dayana…
O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) informou, na quinta (25), que a juíza Dayana Guimarães deixou – a pedido – a magistratura após 16 anos. A exoneração foi assinada na terça (14), com data a partir de 23 de agosto. Ao Metrópoles, nesta sexta, ela, que tem 39 anos, disse que foi uma “decisão extremamente difícil” por um “propósito de Deus”.
Ela ainda comparou a situação com decisões judiciais. “Realmente, entendi qual o propósito que Deus tem para minha vida. Nesta descoberta, tive de colocar minha vida na balança. Por que quantas e quantas vidas coloquei na balança? Desta vez, foi a minha.” Desde junho ela pensava no pedido. Em julho, Dayana – que atuava no 2º Juizado Especial Cível de Anápolis – tirou férias.
Dayana, que deveria voltar em 23 de agosto por causa das férias estendidas, afirmou que no dia do retorno uma funcionária de sua casa não apareceu. Segundo ela, na ocasião entendeu que deveria optar por cuidar da casa, organizar as crianças e tudo que colaboradora faria, ou fazer seus processos.
“Eram 8 horas da manhã e me vi naquele dilema de cuidar dos afazeres dela [funcionária] ou da decisão que tinha para tomar. Pedi muito a Deus que me desse sabedoria e tomasse a decisão certa para mim e minha família. Passei o dia, sentei, escrevi uma carta de exoneração de três linhas.”
Ela revelou, ainda, que o pai dela pediu que repensasse. “Meu pai passou fome, veio da pobreza extrema e conseguiu projetar os filhos dele. Ele me pediu para que não fizesse isso. O tempo vai acalmar o coração dele, e uma hora ele vai entender”, declarou ao Metrópoles. A família, inclusive, pensou que ela estivesse com depressão, mas ela garantiu que não.
Sobre a nova rotina, Dayana diz que passa roupa e lava vasilhas. Falava antes que lavar vasilha, para mim, está sendo terapia. “Hoje estou vendo prazer nas pequenas coisas. Falo isso com orgulho, não como vergonha. Tenho esse privilégio de fazer almoço para meus filhos, janta, o que eu nunca tinha feito na vida, nem sabia que eu conseguia cozinhar”, declarou.
A agora ex-funcionária pública, que pretende se dedicar à família, segundo o site, disse, ainda, que “hoje vivo um lifestyle em Cristo Jesus”. O rendimento líquido da magistrada, em agosto, era de R$ 57,5 mil. A informação é do Portal da Transparência do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
TJGO sobre a carreira da juíza Dyana
Segundo site do TJGO, Dayana ingressou na magistratura em 22 de setembro de 2005. Nestes 16 anos dedicados à carreira, atuou nas comarcas de Valparaíso de Goiás, Minaçu, Formosa, Jaraguá e, desde 2014, estava como titular do 2º Juizado Especial Cível da comarca de Anápolis.
Antes disso, foi servidora do Poder Judiciário Estadual e, inclusive, ocupou o cargo de Assistente de Juiz no gabinete do presidente Carlos França quando ele atuava como juiz da 6ª Vara Cível da comarca de Goiânia.
Neste sábado (18), ela completa 40 anos. Ao deixar o Judiciário, ela se despede e agradece: “Deixo meu abraço, profundo respeito, minha honra e meu carinho por todos. Meu profundo agradecimento, em nome do desembargador Carlos França, a todos os servidores, à minha equipe, aos meus amigos e colegas de magistratura e, ainda, à colaboração dos advogados, promotores e defensores. Hoje a minha missão se encerrou, eu sigo um outro caminho com o coração alegre e feliz.”