Protesto por salários no HDT resulta em demissões; sindicato acionará MP
Para a entidade, demissão veio em resposta ao protesto ocorrido na manhã de terça-feira (30); funcionários, que estão sem pagamento há mais de 60 dias, temem represálias
Dois funcionários do Hospital de Doenças Tropicais (HDT) foram demitidos, nesta quarta-feira (31), após protestarem por não receberem seus salários há mais de 60 dias. Em entrevista concedida ao Mais Goiás, a secretária geral do Sindicato dos Trabalhadores (as) do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde), Luzinéia Vieira, afirmou que a entidade já está a par dos desligamentos e irá acionar o Ministério Público (MP) sobre a decisão da gestão da unidade de saúde.
“A Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) diz que já realizou o repasse dos meses de junho e julho. Por outro lado, o Instituto Sócrates Guanaes (ISG), Organização Social (OS) responsável pela administração do HDT, alega não ter recebido os valores. Ninguém assume a responsabilidade e, com isso, os funcionários ficam sem receber os salários”. Para Luzinéia, as demissões decorrem da manifestação de servidores realizada na manhã desta terça-feira (30). Na ocasião, profissionais de quase todos os departamentos participaram do ato, dentre eles técnicos de farmácia, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos.
“Nós já havíamos discutido com o MP sobre o atraso no pagamento salarial de servidores da saúde e, também, a falta de transparência do Estado de Goiás sobre os repasses, isso ainda no final do ano passado. Na época tratávamos da situação vivida pelos funcionários do Hugo, Hugol e Hutrin. Vamos levar mais essa denúncia ao órgão para que medidas judiciais sejam tomadas. O Estado deve ser o gestor das OSs, mas vemos que elas têm vida própria quando ninguém sabe para onde foi esse dinheiro”, declara.
Ao Mais Goiás, um servidor da unidade, que teme ter a identidade divulgada, relata que a situação está cada dia mais complicada e os colaboradores estão sob pressão. “Duas pessoas já foram demitidas. Estamos quase fazendo greve, só não começamos ainda porque precisamos de 50 % dos funcionários. Mas muitos de nossos colegas já estão com medo das represálias”, reclama.
“Enquanto a nossa luta for silenciosa, as pessoas vão achar que ela não existe. Mas situações como essa são absurdas e recorrentes. O Governo precisa dar respostas para o funcionário. Não adianta ficar só reclamando, precisamos de soluções”, conclui Luzineia.
Este portal entrou em contato com a direção do HDT através de e-mail, na manhã desta quinta-feira (1º/8) às 11h19, e aguarda retorno.
SES
Na data da manifestação, a SES, por meio de nota, afirmou que trabalha para realizar repasses regularmente e que o contrato com o ISG se encerrou no fim de junho com débitos referentes a 2019 em dia. “Um novo aditivo foi assinado esta semana para prorrogação do contrato por mais 180 dias. Após a outorga da Procuradoria-Geral do Estado e de acordo com a liberação dos recursos para a SES, os valores referentes ao período sem vigência de contrato serão repassados à unidade, conforme preconizado pela legislação em vigor”, consta no documento.
Ainda na nota, a SES alegou ter notificado a OS sobre a regularização do pagamento dos trabalhadores do HDT, do Centro Estadual de Atenção Prolongada e Casa de Apoio Condomínio Solidariedade. De acordo com o contrato de gestão firmado entre a SES e o ISG, a Secretaria realiza os repasses e a Organização Social se responsabiliza integralmente pelo pagamento de salários, demais encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais, comerciais e outros dos trabalhadores da unidade”.
Com a palavra, o hospital
Em nota enviada ao Mais Goiás, o HDT disse que os funcionários foram demitidos devido ao desempenho deles na empresa e não foi devido à participação deles nas manifestações. Confira na íntegra:
O Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), gerido pelo Instituto Sócrates Guanaes (ISG), informa que com relação à denúncia sobre o desligamento de dois servidores do HDT, os devidos afastamentos citados não possuem qualquer tipo de relação com os questionamentos dos colaboradores ou participação em manifestações. O desligamento de ambos foi realizado de acordo com a política do setor de Gestão de Pessoas da unidade, mediante o desempenho dos profissionais.”
*Thaynara da Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Hugo Oliveira
*Matéria atualizada às 14h16 do dia 01/08/2019