“Quando perdemos Marília Mendonça, perdemos alguém da família”, diz psicólogo
A morte de Marília Mendonça mobiliza e comove uma legião de fãs por todo o…
A morte de Marília Mendonça mobiliza e comove uma legião de fãs por todo o Brasil. Um artista nova – tinha apenas 26 anos -, que criou uma vertente musical – o feminejo – de sucesso e com um futuro promissor. Além disso, as suas músicas falavam diretamente com o dia a dia do ouvinte.
Por isso, a morte inesperada de Marília Mendonça traz uma sensação de vazio, que mobiliza multidões em luto coletivo. Para o psicólogo forense da Polícia Científica do Estado de Goiás, Leonardo Faria, o luto significa perda, e por conseguinte uma frustração. Assim, quanto maior o vínculo que temos com uma pessoa que morre, maior a sensação de perda.
Ele explica que artistas como Marília Mendonça fazem parte do cotidiano das pessoas, com ideias e conceitos. A música dela traz para as população familiaridade.
“Quando há morte de uma pessoa famosa, que traz tanta representatividade no dia a dia, é como se tivéssemos perdendo uma pessoa próxima a nós. Ela trazia uma visão sobre a sociedade, por entrar no coração de cada pessoa e por levar uma mensagem comum a todos”, explica.
“Isso é um arquétipo. A ideia faz parte de um inconsciente coletivo. E abrange várias pessoas. Quando se perde a Marília Mendonça, estamos perdendo uma pessoa que faz parte da nossa família e da nossa vida. Por que ela trabalha no coletivo”, continua.
Morte de artista é uma perda coletiva
Do mesmo modo, o psicanalista e mestre em psicologia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), André de Paulo Duarte, avalia que quando se perde uma pessoa querida, principalmente quando se trata de uma figura pública, todas as pessoas que se identificavam com ela, sofrem essa perda como se fosse a perda de parte de si próprio. E isso acontece porque essa pessoa pode ocupar o lugar de uma espécie de ideal para as outras.
O psicanalista diz que um ideal é um lugar importante na subjetividade, porque serve para que as pessoas se pautem em como se comportar, como agir, como pensar, como sentir e etc. Ou seja, normalmente é alguém muito admirada e que as outras pessoas gostariam de ser como ela. E quanto mais amor é investido à esse ideal, mais ele passa a fazer parte do próprio Eu das pessoas que o amam.
“Podemos dizer que literalmente, do ponto de vista psicológico, quando uma pessoa, que serve como um ideal para muitas pessoas, morre, essas pessoas perdem mais que um ídolo, elas perdem parte de si próprio, perdem parte da própria energia psíquica que era investida amorosamente nessa pessoa. E por isso é importante fazer um bom trabalho de luto. Isto é, realocar esta energia, este amor, em outros objetos de investimento, na medida do possível”, aponta.
A morte de outro é também a própria morte
Para André de Paulo, se confrontar com a morte de alguém assim com quem se identifica, faz com que as pessoas se confrontem com a possibilidade da própria morte, ou da morte de um filho, de uma mãe, de uma esposa, de uma amiga, etc. É se apreender vulnerável, é suscetível à morte.
“Isso é importante porque no dia a dia as pessoas evitam pensar sobre essa possibilidade para que a vida seja possível sem tanto sofrimento. Uma morte assim, de uma pessoa muito querida é famosa, e de maneira repentina, faz com que essa defesa seja burlada, e que as pessoas tenham que enfrentar essa vulnerabilidade para conseguir fazer o trabalho de luto”, aponta .
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