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Quem Caiado vai nomear chefe da Polícia Civil de Goiás?

Dois delegados são cotados para o principal cargo da polícia judiciária; nos bastidores, discussão é de que governador terá de escolher entre indicado por classe ou delegado que combateu corrupção policial

Eleito governador, mas ainda sem tomar posse, Ronaldo Caiado (DEM) já deu pistas sobre a mudança da equipe. Para a Polícia Civil, dois delegados são cotados para chefiar a corporação, e os nomes estão nas mãos do chefe de estado. Aliados de Ronaldo Caiado afirmam que definição acontecerá somente após a escolha, em definitivo, para chefiar a pasta da Secretaria da Segurança Pública.

Os mais cotados para o cargo são Odair José Soares e André Gustavo Ganga. Ambos. Delegados com perfis operacionais, de trabalho com inteligência e união com a equipe, têm particularidades. Enquanto um deles é mais querido pelos colegas delegados, outro carrega dentro da categoria a percha de perseguidor, depois de combater com rigidez os desvios de conduta.

Pelos bastidores, o Mais Goiás apurou que a classe fez um levantamento dos mais indicados, e entregou três nomes mais cotados para o cargo. O mais cotado pela classe é André Ganga, que assumiu interinamente a Superintendência de Polícia Judiciária. O segundo nome, indicado a Caiado por um delegado eleito deputado federal, é Odair José Soares, encaminhado para a Força Nacional, tem apresentado resultados no combate ao Crime Organizado no Rio Grande do Norte.

André Ganga tem 43 anos e é natural de Sertãozinho-SP. Com pós-graduação em Direito Administrativo, entrou pela primeira vez na carreira policial em 1991, como investigador Polícia Civil de São Paulo. Em Goiás, assumiu como delegado em 2004, e já passou pelas cidades de Caldas Novas, Morrinhos, Piracanjuba, Marzagão e Corumbaíba. Em 2006, quando já era adjunto da Unidade Aérea, viveu um dos piores momentos da vida.

“Era para ir em uma missão, para acompanhar profissionais até uma reconstituição de um crime, e minha vaga na aeronave foi substituída por um colega de maior experiência em investigações de homicídios, Jorge Moreira. No retorno a aeronave caiu, e morreram todos os policiais”, diz emocionado o delegado, ao relembrar da pior tragédia da Polícia Civil.

Após o pagamento do seguro da aeronave o Governo de Goiás empregou o valor pago em outras áreas, e nunca mais comprou outro helicóptero, o que fez com que a Unidade Aérea fosse extinta. Ganga assumiu como titular do Grupo Tático da PC-GO (GT-3) e hoje trabalha também como superintendente interino de Polícia Judiciária, após o afastamento do titular por questões pessoais. André Ganga é explosivista e atirador de elite.

Com o avanço de crimes de furto e roubo, foram criados dois grupos especiais de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio (Gepatri). “Quero levar os Gepatris a todas as regiões de Goiânia. Quero dar formas da Polícia Civil ter novamente a própria aeronave, que ajuda na celeridade das investigações. Quero fazer um trabalho de união na polícia. Vou acabar com os grupos do interior, transformando em delegacias e acabar com as especializadas da Capital para criar em departamentos. Isso aumenta as possibilidades de investigação, inclusive com mais recursos para que os policiais trabalhem e desvendem crimes,” propõe.

Odair José Soares é um dos nomes mais conhecidos como delegado de polícia em Goiás. Ele foi o delegado que mais apreendeu drogas na história da corporação e fez inimizade internamente. “Ele fala demais, não tem trava na língua. Se o governo não implementa controle de celulares em presídios, ele fala mesmo que aquilo é o que permite o comando de crimes de dentro para fora das cadeias”, disse uma delegada sobre o colega.

Um deputado federal disse que Odair é o que a Polícia Civil precisava em termos de moralidade. Com o compromisso de que não fosse investigado, o deputado federal afirmou que ele próprio fez a indicação para Ronaldo Caiado do nome de Odair. “Ele não tem pena de cortar na própria carne, é um investigador nato. Fez inimizade muitas vezes quando, na área de inteligência, investigou muitas coisas para a corregedoria que apontaram policiais corruptos”, disse.

Por este motivo um agente que é amigo do delegado afirma que ele atraiu a saída de titularidades de delegacias — o que é chamado de ‘decor’, ou delegado de delegacia. Odair investiga uma associação criminosa que comanda uma série de assassinatos no Rio Grande do Norte, e já apresentou muitos casos de bandidos envolvidos, inclusive, em ataques aos policiais daquele Estado. Seguindo a linha de investigador reservado — acredita-se —, Odair não atendeu ligações ou respondeu mensagens encaminhadas pela reportagem via aplicativo de mensagens ou mail.