REFLEXO

“Quintilhões”: surgem novas mil supostas vítimas do pastor goiano réu por estelionato

Uma das supostas vítimas – de dezembro passado – teria ouvido a promessa de R$ 3,5 quintilhões

“Quintilhões”: surgem novas mil supostas vítimas do pastor goiano réu por estelionato (Foto: Reprodução - Youtube)

Aproximadamente mil pessoas procuraram o Programa Fantástico, da Globo, após reportagem sobre pastor goiano Osório José Lopes, que é réu por estelionato em Goiás desde 2018 e foi denunciado pelo mesmo crime no último dia 11 pelo Ministério Público de São Paulo. Elas dizem ter sofrido golpes do religioso. Conhecido por prometer “R$ 2 quatrilhões”, as cifras subiram após as novas reclamações: uma das supostas vítimas – de dezembro passado – teria ouvido a “oportunidade” de R$ 3,5 quintilhões.

Vale lembrar, o homem – que diz ser religioso, mas não é ligado a nenhuma igreja – ostentava uma vida de luxo com o dinheiro dos golpes contra os fiéis. Ao G1, o delegado Marco Antônio Maia disse que o pastor chegou a usar um helicóptero para fazer um trajeto de 180 km. “Em Leopoldo de Bulhões, ele tinha uma casa de luxo e ia de helicóptero para os cultos em Goianésia. Usava carros de luxo e tinha seguranças, joias. Essa aeronave era alugada, usava só para enganar os fiéis”, declarou ao site.

A Polícia explica que ele atraía as vítimas por vídeos nas redes sociais – que publicava quase todo dia – e dizia ter dinheiro no “Tesouro Mundial” para repartir – título que o Banco Central e o Tesouro Nacional dizem não existir. Contudo, pedia ajuda financeira dos fiéis. Em 2014, um eletricista chegou a entregar a única casa que possuía, de R$ 250 mil, por um cheque de R$ 2,5 milhões que nunca conseguiu descontar. Em 2021 ele conseguiu reaver a casa.

“Já tem ordens de um governo mundial sobre esse regimento financeiro determinando datas para finalizar. Isso eu estou dizendo e eu posso cair morto nessa mesa”, declarou em um dos vídeos já em São Paulo – depois de se tornar réu em Goiás, ele migrou e passou a atuar em um condomínio de luxo de SP.

Osório não quis comentar sobre as supostas novas vítimas. Anteriormente, ele se manifestou pelas redes sociais: “Não tenho vergonha de dizer que lá atrás eu fiz coisas erradas. Erradas porque não tive orientação jurídica. Estamos entrando com recursos para provar que somos inocentes. Eu nunca neguei que tenho as minhas dívidas e tenho os meus combinados, que não foram ainda cumpridos mas espera de ser cumpridos, muito breve.”

Confira o que já se até aqui sobre o pastor do “quintilhões”:

Investigação

A Polícia Civil chegou ao pastor – que não é ligado a nenhuma igreja, após as queixas formais de 10 vítimas, mas também pela ostentação e promessa de dinheiro rápido.

Preso

Osório foi preso junto com outro pastor em maio de 2018 por suspeita de aplicar golpes em fiéis de Goianésia. Eles teriam obtido R$ 15 milhões de fiéis ao dizerem que precisavam de fundos para receber um título de R$ 1 bi. Eles prometiam lucros de até 10 vezes sobre o valor aplicado. Um morador da cidade chegou a vender a casa em 2014, conseguindo recuperá-la em 2021. O pastor ficou 30 dias preso.

Ostentação

O homem ostentava uma vida de luxo com o dinheiro dos golpes e chegou a prometer, por meio de documento em nome dele, retorno financeiro de R$ 2 quatrilhões para as vítimas. Ao G1, o delegado Marco Antônio Maia disse que o pastor chegou a usar um helicóptero para fazer um trajeto de 180 km. “Em Leopoldo de Bulhões, ele tinha uma casa de luxo e ia de helicóptero para os cultos em Goianésia. Usava carros de luxo e tinha seguranças, joias. Essa aeronave era alugada, usava só para enganar os fiéis”, declarou ao site.

Promessas

O pastor atraía as vítimas por vídeos nas redes sociais e dizia ter dinheiro no Tesouro Mundial para repartir – título que não existe, segundo o Banco Central e o Tesouro Nacional. Contudo, pedia ajuda financeira dos fiéis. Inclusive, segundo reportagem do Fantástico, do último domingo (13), o religioso publicava quase um vídeo por dia para atrair novas vítimas.

Crimes

No processo que ele responde desde 2018, Osório é réu por crimes contra a paz pública – quadrilha ou bando; e crimes contra o patrimônio – estelionato. Os crimes ocorreram até aquele ano, mas, segundo a Polícia Civil, ele se mudou para São Paulo e continuou a aplicar golpes pelo País, o que rendeu a denúncia do Ministério Público na última sexta-feira, 11 de março.

Denúncias divulgadas pela polícia

A polícia divulgou alguns crimes do pastor. O eletricista Paulo Estévão, de Goianésia, denunciou o religioso em 2014 por receber um cheque sem fundo de R$ 2 milhões, após vender a única casa por R$ 250 mil e entregar o valor ao grupo de Osório – ele a recuperou no ano passado; também em Goianésia, um homem identificado pela polícia como Alex perdeu uma casa e duas caminhonetes. Em outubro de 2017, uma mulher denunciou à polícia de Santana de Parnaíba (SP) ter pago uma “quantia em dinheiro” a um funcionário do réu por estelionato. Em 2018, após ele deixar a prisão, uma vítima do Acre fez um depósito de R$ 600 na conta dele. Já em 16 de março de 2020, um empresário de São Paulo foi à polícia para denunciar o pastor por assinar um contrato com ele e pagar R$ 300 mil; neste ano, uma advogada de Goiânai levou a polícia a denúncia contra o relioso por ter feito o pai dela perder R$ 6 mil. Em outro caso, sem data divulgada, uma mulher do Mato Grosso disse que o marido depositou R$ 1 mil ao homem.

Vítimas

Existe um grupo em uma aplicativo de mensagem com mais de 900 pessoas que dizem ser vítimas do pastor. A informação é do delegado Marco Antônio Maia ao G1. Elas estão espalhadas em vários estados do País, como São Paulo, Acre e Mato Grosso. Em 2018, 10 prestaram queixa em Goianira, mas a polícia estima, pelo menos, 30, sendo que uma delas perdeu sozinha R$ 1,5 milhão. Como já citado, uma delas foi o eletricista Paulo Estrela, que vendeu, em 2014, a casa de R$ 250 mil na promessa de receber R$ 2,5 milhões.

Novas denúncias após a reportagem e a promessa de quintilhões

Após reportagem do Fantástico, em 13 de março, cerca de mil pessoas procuraram o veículo de comunicação para denunciar golpes. Uma das supostas vítimas – de dezembro passado – teria ouvido a promessa de R$ 3,5 quintilhões.

Posição do pastor

Osório não deu entrevista nem na época e nem após o surgimento das novas supostas vítimas. Contudo, ele se manifestou naquele primeiro momento pelas redes sociais:

“Não tenho vergonha de dizer que lá atrás eu fiz coisas erradas. Erradas porque não tive orientação jurídica. Estamos entrando com recursos para provar que somos inocentes. Eu nunca neguei que tenho as minhas dívidas e tenho os meus combinados, que não foram ainda cumpridos mas a espera de ser cumpridos, muito breve.”