Tragédia

“Reações violentas têm muitas causas”, diz psicólogo sobre atentado

Leonardo Faria afirma que é cedo para dizer que bullying foi o causador da tragédia no Colégio Goyases na última sexta-feira (20)

O psicólogo Leonardo Faria conversou com o Mais Goiás sobre o atentado ocorrido no Colégio Goyases, no Conjunto Riviera, na última sexta-feira (20). Segundo o profissional, é preciso evitar julgamentos, pois reações violentas como a do adolescente podem ter muitas causas.

O profissional atua junto a Polícia Civil em crimes violentos, mas ainda não sabe se será o responsável pelo acompanhamento psicológico do adolescente. Ele explicou que, apenas após o Ministério Público avaliar o inquérito, é possível determinar se o atirador de 14 anos vai precisar de profissionais como psicólogos ou psiquiatras.

Leonardo explica que é muito precipitado afirmar que o bullying foi o motivo da tragédia. “A violência envolve questões sociais e culturais e é preciso levar em conta a saúde mental das pessoas. O que não tem relevância para alguém, pode afetar muito outra pessoa”, pontua.

Atenção

O psicólogo esclarece também que é quase impossível dizer se tragédias como a do Colégio Goyases poderiam ser evitadas. Segundo Leonardo, para que uma ação violenta seja impedida é preciso que as pessoas ao redor estejam cientes de que há algo errado.

“Muitas vezes, transtornos psicológicos não apresentam sintomas visíveis. Pode ser que, dependendo da dinâmica da família, ela não perceba o problema, que pode vir de uma maneira silenciosa”, afirma o profissional. No entanto, Leonardo aponta alguns comportamentos para os quais familiares devem estar atentos, como isolamento social e interesse exagerado em assuntos ligados a morte e agressão.

Banalização

Leonardo acredita que outro fator que pode influenciar comportamentos violentos é a banalização do assunto. “Alguns comentário feitos, principalmente por crianças, como ‘vou te matar’ não podem ser levados como uma brincadeira”, afirma.

O psicólogo explica que a violência com a qual as pessoas convivem diariamente e em diversos segmentos da vida social acaba se tornando parte do cotidiano, no entanto, esse costume é perigoso.

Vítimas

Para o profissional, o acompanhamento psicológico seria importante também para as vítimas. Ele explica que, em primeiro lugar, deveria haver uma conversa com os adolescentes e funcionários do colégio que presenciaram o atentado para saber de que modo cada um ficou marcado pelo acontecimento. Esse acompanhamento seria feito por um psicólogo escolar.

Em um segundo momento, as vítimas poderiam passar por terapias individuais e em grupo, levando em conta a vivência e o trauma de cada um. Leonardo explica que a ajuda psicológica é importante em casos de experiências traumáticas “para a vida seguir de uma maneira menos dolorosa apara cada um”.

 

Psicólogo criminal Leonardo Faria (Foto: Arquivo Pessoal)

*Amanda Sales é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo