FALTA DE LEITOS

Recém-nascida morre após esperar 12h por parto e quase dois dias por UTI em Goiânia

Criança chegou a ser transferida para uma UTI, mas não resistiu às complicações. Segundo nota da unidade, criança recebeu cuidados de terapia intensiva

Uma recém-nascida morreu após esperar cerca de 12h pelo parto na Maternidade Nascer Cidadão, no Jardim Curitiba, região Noroeste de Goiânia. Após complicações, a menina ainda precisou esperar quase dois dias por uma vaga na UTI. Depois de conseguir internação, bebê não resistiu e foi a óbito. Família acusa unidade de saúde de negligência. Maternidade diz que a criança recebeu todos os cuidados possíveis.

Em razão da pandemia de coronavírus, pelo menos 91% dos leitos de UTI disponíveis na capital estão ocupados.

Talita Peixoto, tia da criança, revelou ao Mais Goiás que a cunhada Letícia Alves teve uma gestação saudável e sem nenhum problema. A situação se transformou quando a mulher entrou em trabalho de parto, por volta das 11h da manhã de sexta (17), e foi levada à maternidade. O nascimento, porém, só foi registrado às 23h. “Deixaram ela sofrendo por 12h”, critica.

Segundo a mulher, os médicos “não quiseram realizar parto cesáreo” e Letícia, com bastante dor, precisou esperar até que a criança nascesse de forma natural. “Minha cunhada estava sentindo muita dor e foi perdendo a força. Depois que conseguiu dilatar 10 cm, a criança nasceu praticamente sem vida, sem respirar. Não chorou nem nada”.

A tia da recém-nascida conta, ainda, que Letícia Alves teve a filha sozinha, na sala de pré-parto, sem atendimento médico. “Depois que viram que a neném estava praticamente sem vida é que todos da maternidade se juntaram em cima dela, mas aí já não adiantava mais”, disse.

Talita relata que, depois do parto, a criança passou por complicações no estado de saúde e precisou de uma vaga de UTI. A família esperou por quase dois dias até o surgimento da vaga, mas se deparou com um novo impasse. “Eles falaram que ela estava se recuperando bem. No domingo (19) é que foi feita a transferência, mas a minha sobrinha já estava praticamente sem vida. Eles foram muito negligentes”, disse.

Outro lado

Em nota, a Maternidade Nascer Cidadão (MNC) informa que não procede a informação de que a paciente teve o parto sozinha na sala de pré-parto. Veja a íntegra:

“Ao chegar na maternidade com 40 semanas de gestação, a paciente foi internada sem apresentar sinais de trabalho de parto e sem indicação à cesariana. Em respeito aos protocolos médicos do Ministério da Saúde, foi indicada e realizada a indução ao parto normal, com anuência da paciente, às 14h. A evolução ao trabalho de parto aconteceu dentro da normalidade, de forma rápida, e a paciente esteve acompanhada a todo momento de equipe obstétrica multidisciplinar.

Mesmo com as avaliações normais durante todo o período e o parto sem nenhuma intercorrência, o bebê nasceu em estado grave, recebendo todos os cuidados de terapia intensiva no berçário da MNC, como ventilação mecânica, incubadora e medicação adequada, e com solicitação de transferência para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

No domingo, 19, quando disponibilizada vaga de UTI, o bebê foi transferido com vida via UTI móvel acompanhada de equipe médica completa para outra unidade de saúde. A MNC ressalta que a transferência para UTIs depende da liberação de vagas na rede conveniada, o que foi esclarecido para a família, assim como a gravidade da situação em que a criança se encontrava.

A equipe da MNC lamenta a fatalidade ocorrida e roga a Deus que conforte os corações da família neste momento de dor, colocando-se à disposição mais uma vez”.