PROGRAMA PAI PRESENTE

Refugiado venezuelano reconhece paternidade de filho pela web, em Goiânia

Após três meses do nascimento do filho, o venezuelano Ronniel Andres Calvo Copland, de 27…

Após três meses do nascimento do filho, o venezuelano Ronniel Andres Calvo Copland, de 27 anos, conseguiu reconhecer a paternidade da criança pela web. A confirmação ocorreu na quinta-feira (25), em Goiânia, por intermédio do Programa Pai Presente, do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO). O processo foi feito de forma online por conta da pandemia do novo coronavírus. Outros 28 reconhecimentos, sendo 13 pais reeducandos do sistema prisional, também foram realizados ontem.

O drama do venezuelano e da esposa Freily Desirree Becker Marquez, 25, de mesma nacionalidade, começou ainda na Venezuela, quando o casal decidiu vir para o Brasil para fugir do regime ditatorial imposto pelo atual Governo do país. Os dois saíram do local de origem e se refugiaram na capital Boa Vista, em Roraima.

Lá, a mulher engravidou do terceiro filho e passou por grandes dificuldades por conta da falta de trabalho. Ronniel, então, decidiu vir para Goiânia, onde já residia outros familiares, para tentar se restabelecer financeiramente. A esposa, grávida, continuou na capital roraimense.

(Foto: reprodução/facebook)

Freily teve parto prematuro e o reconhecimento de paternidade do pequeno Cristhopher precisou ser adiado por conta da distância. Três meses após o nascimento da criança, a mulher veio para a capital goiana e tomou conhecimento do Programa Pai Presente.

“Estou muito feliz porque, finalmente, assim como meus outros filhos, consegui registrar meu bebê e incluir o nome dele no convênio de saúde, sem qualquer custo. Passamos muita fome na Venezuela e até em Roraima. Somos pessoas humildes, só queremos dar uma vida melhor para os nossos filhos. Aqui, em Goiânia, meu marido está trabalhando. Conseguimos o registro do nosso outro filho e vamos ficar juntos. Acho que isso é o que realmente importa na vida, nossa família reunida”, disse a mulher.

Exame de DNA

Por se tratar de reconhecimento feito por um pai estrangeiro, o juiz Eduardo Perez tornou obrigatório o teste de DNA nessas situações para evitar fraudes ou mesmo ação conhecida como “adoção à brasileira”, quando há a entrega de crianças, pelos pais biológicos, para que outras pessoas possam criá-las, sem seguir exigências legais.

“O pai venezuelano se propôs a fazer o reconhecimento espontâneo da criança, mas por cautela e prudência, usando medidas de segurança, preferimos adotar essa medida para que tudo ocorra dentro da lei, de forma bem transparente”, explica o magistrado.

Outros reconhecimentos

Além do caso dos venezuelanos, outros 28 reconhecimentos de paternidade foram efetivados em audiência online na quinta-feira (25). Às 8h, 13 pais reeducandos do sistema prisional reconheceram os filhos. Já às 10h, houve os demais reconhecimentos. Todos eles foram feitos virtualmente.

Entre os reconhecimentos, estava o caso de duas irmãs que não se vêem há quase 30 anos. Uma mora em Goiânia e a outra em Minas Gerais. A diarista Jacqueline Jaine de Branco Gonçalves, de 34 anos, se separou da irmã, a costureira Michely Maria de Oliveira, 39, quando tinha apenas 9 anos.

Mesmo convivendo com o pai, o montador Wagner Pires do Nascimento, 60, a inclusão do nome do genitor nos seus documentos só aconteceu agora. Na época, quando Jacqueline nasceu, o pai estava viajando e a mãe fez o registro sozinha porque ela precisou ser internada às pressas.

Sem conseguir conter a emoção, Jacqueline afirma que hoje é o dia mais “importante e feliz” da sua vida. “Não consigo descrever meu sentimento de tamanha felicidade e gratidão. Ter o nome do meu pai nos meus documentos pessoais, ser registrada por ele, sempre foi um sonho meu e sei que era da minha irmã também. Existem momentos na vida que são indescritíveis e esse é um deles”, afirmou.