RETROSPECTIVA

Relembre as 5 mortes mais marcantes de 2021 em Goiás

Neste dia 2 de novembro, todo o Brasil presta homenagens aos entes queridos que já…

Neste dia 2 de novembro, todo o Brasil presta homenagens aos entes queridos que já se foram. Para muitos, a data é uma oportunidade de manter viva a memória, o amor e a admiração pelas pessoas mais especiais e inesquecíveis da vida de cada um. Pensando nisso, o Mais Goiás reuniu alguns dos falecimentos mais marcantes que ocorreram neste ano em Goiás.

Entre os selecionados, estão figuras emblemáticas, que impactaram o estado goiano com suas trajetórias de vida e trabalho e, principalmente, deixaram saudade entre familiares, amigos e admiradores. Todos eles contribuíram não só para o avanço de Goiás na política, assim como nos âmbitos cultural e religioso.

1) Maguito Vilela

Maguito Vilela, ex-prefeito de Goiânia | Nascimento: 24 de janeiro de 1949 | Morte: 13 de janeiro de 2021 | Foto: Facebook

Maguito Vilela, cujo nome de batismo era Luiz Alberto, nasceu em 1949, na cidade de Jataí. Ele foi um dos políticos mais longevos de Goiás, além de ter sido dono de uma das trajetórias mais bem-sucedidas. Foi vereador, deputado estadual e federal, prefeito, senador, vice-governador e governador.

Em agosto de 2020, Maguito partiu para um novo desafio em sua carreira: ser prefeito da cidade de Goiânia. Lançou-se candidato a prefeito pelo MDB algumas semanas depois que o então prefeito, Iris Rezende (MDB), anunciou a aposentadoria. Ele foi eleito em segundo turno, com 52,52% dos votos válidos.

No entanto, no dia 20 de outubro do ano passado, o Maguito recebeu diagnóstico positivo para Covid-19. No dia 22, foi internado no hospital Órion, em Goiânia; e, no dia 27, foi transferido para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo. A partir daí, ele lutou contra uma severa infecção pulmonar ocasionada pela doença.

Nesta época, o político ainda estava lúcido, assistia a filmes e jogos de futebol no seu quarto, falava com o suporte de uma válvula (que tampava o orifício aberto em sua traqueia para ventilação mecânica) e recebia visita dos netos.

Contudo, uma nova infecção pulmonar, ainda mais grave, atrapalhou a recuperação que Maguito apresentava. Um dos últimos boletins médicos usava o adjetivo “grave” para falar da infecção contra a qual o prefeito lutava. Disse, também pela primeira vez, que Maguito estava sob efeito de “altas doses” de remédio.

Apesar de uma longa batalha, após 83 dias de luta pela vida, o prefeito eleito morreu vítima de covid-19. Maguito morreu onze dias antes de de completar 72 anos de idade e deixou a esposa, Flávia, quatro filhos (entre eles Daniel Vilela) e quatro netos. A morte do político emocionou a população goianiense, atingindo mesmo aqueles que não o apoiavam politicamente.

2) Mané de Oliveira

Mané de Oliveira, jornalista esportivo e ex-deputado estadual | Nascimento: 31 de julho de 1940 | Morte: 13 de fevereiro de 2021 | Foto: Carlos Costa
Mané de Oliveira, jornalista esportivo e ex-deputado estadual | Nascimento: 31 de julho de 1940 | Morte: 13 de fevereiro de 2021 | Foto: Carlos Costa

Mané de Oliveira era o apelido de Manoel José de Oliveira, que nasceu em 1940, na cidade de Pires do Rio. Ele foi um ex-deputado estadual e jornalista esportivo admirado e bastante conhecido em Goiás por ter opiniões fortes, além de ser um bom debatedor. Mané defendia suas ideias com unhas e dentes. Um de seus bordões mais conhecidos foi o ‘O que você tem nessa cabeça?’.

Quando atuou como político, Mané teve um amplo apoio popular, sendo eleito no ano de 1986 como o parlamentar mais bem votado do estado. Porém, o cronista esportivo decidiu retornar à política em 2014, após o assassinato de seu filho Valério Luiz, em busca de justiça. O filho de Mané também era jornalista e foi morto a tiros no dia 5 de julho de 2012, quando saía da rádio onde trabalhava, na Rua C-38, Setor Serrinha, em Goiânia.

Com a candidatura do jornalista em 2014, ele passou a ser o deputado estadual mais votado da história, quase 30 anos após se eleger pela primeira vez para a mesma função. Mané defendia o direito à Segurança Pública e tinha como principal meta fazer com que a justiça fosse rigorosamente cumprida.

Em agosto de 2020, Mané descobriu um câncer no intestino e iniciou uma nova batalha. A partir daí, passou por uma cirurgia delicada para remoção do tumor e se tratava com quimioterapia. O câncer se espalhou também para o fígado e pulmão. Segundo um de seus filhos, Marcelo Álvaro de Oliveira, o pai ficou debilitado em razão dos efeitos adversos provocados pelos remédios que ingeria.

Na noite de 12 de fevereiro, a situação se agravou e Mané foi levado às pressas para o Hospital do Jardim América, onde ficou internado com fluido nos pulmões e um coágulo na cabeça. O óbito foi confirmado por volta das 3h do dia seguinte. Ele deixou 11 filhos e 26 netos.

3) Claúdia Garcia

Cláudia Garcia, cantora | Nascimento: 4 de março de 1971 | Morte: 26 de fevereiro de 2021 | Foto: Facebook
Cláudia Garcia, cantora | Nascimento: 4 de março de 1971 | Morte: 26 de fevereiro de 2021 | Foto: Facebook

Cláudia Garcia era um nome conhecido na música de Goiás por cantar samba, jazz e soul music. Natural de São Paulo, ela chegou a Goiânia em 2010. A cantora estudou na Universidade Livre de Música Tom Jobim e coordenou atividades musicais no Conservatório Musical Frédéric Chopin, que foi fundado por sua mãe, Elza Maria Garcia, em Goiânia.

Durante o período de isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, amigos de Claudia afirmam que a artista sempre buscou dividir os trabalhos que fazia, para ajudar financeiramente os parceiros. “Ela sempre fazia apresentações em solo, mas também dividia o palco com convidados. Por conta da pandemia de Covid-19, ela convidava músicos diferentes para se apresentar, pois queria sempre ‘dividir o pão’, ainda mais neste momento difícil. Ela ajudava cantores e músicos”, contou Roberto Xexéu, amigo e músico.

Claudia encantava o público com uma voz marcante e um forte domínio dos palcos. Mas, principalmente, é lembrada pelos admiradores pelo sorriso que sempre mantinha no rosto. Em um perfil pessoal nas redes sociais, Claudia dizia que “ser artista a salvava da crueldade do mundo”.

No dia de 16 de fevereiro a artista recebeu um diagnóstico positivo para Covid-19. Ela permaneceu em casa, em isolamento, com a produtora e amiga Rejane Neves, que também contraiu a doença. No entanto, Claudia passou a sentir uma forte dificuldade para respirar e teve de ser internada no Hospital de Campanha para Enfrentamento do Coronavírus (HCamp) de Goiânia. Ela chegou a ter 50% dos pulmões comprometidos.

A unidade de saúde informou que a cantora estava em um leito de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para tratamento do coronavírus. Porém, apenas três dias após ter sido internada, Claudia não resistiu. A morte dela aconteceu dias antes de completar 50 anos de vida. Ela deixou um filho de 16 anos.

4) Ary Valadão

Ary Valadão, ex-governador de Goiás | Nascimento: 14 de novembro de 1918 | Morte: 9 de agosto de 2021 | Foto: Dicom - AL
Ary Valadão, ex-governador de Goiás | Nascimento: 14 de novembro de 1918 | Morte: 9 de agosto de 2021 | Foto: Dicom – AL

Ary Ribeiro Valadão nasceu em 1918 e tinha 102 anos. Ele era natural da cidade de Anicuns, foi agricultor, industrial, advogado e um político muito bem-sucedido. Ary criou o maior e mais ambicioso projeto de irrigação da América Latina no período em que era governador de Goiás: o projeto Rio Formoso, que impulsionou o cultivo de arroz no Centro-Oeste do Brasil e fez com que o estado goiano ganhasse manchetes internacionais.

A carreira política dele começou como membro da União Democrática Nacional (UDN). Lá, Ary foi eleito prefeito de Anicuns em 1947 e 1954 e deputado estadual por Goiás em 1958 e 1962, chegando à presidência do diretório estadual da legenda e à liderança de sua bancada na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).

Sua trajetória foi marcada pela convicção e grandes obras nas áreas da educação, da infraestrutura e do agronegócio. Casado com Maria Baia Peixoto Valadão, ele teve cinco filhos. Valadão encerrou a carreira política com 80 anos.

Em agosto deste ano, o ex-governador precisou ser hospitalizado por causa de uma queda em casa. Exames mostraram que ele não sofreu fraturas. Porém, logo após a internação Ary teve uma pneumonia.

Após o diagnóstico, a médica receitou antibióticos e o orientou a ficar em casa, mas a saúde estava frágil e ele não resistiu. Ary faleceu em casa, com a família. Ele deixou esposa, seis filhos, netos e bisnetos.

5) Padre Jesus Flores

Padre Jesus Flores, sacerdote e jornalista | Nascimento: 11 de março de 1933 | Morte: 11 de setembro de 2021 | Foto: Afipe
Padre Jesus Flores, sacerdote e jornalista | Nascimento: 11 de março de 1933 | Morte: 11 de setembro de 2021 | Foto: Afipe

Jesus Flores nasceu em março de 1933 e se tornou padre em janeiro de 1959. Na comunicação, trabalhou na Rádio Difusora e na TV Pai Eterno. Ele também atuava como jornalista em rádio e TV, na Rádio Difusora e na TV Pai Eterno. O sacerdote dedicou sua vida à evangelização e à defesa da ética, dos direitos humanos e da vida.

O Padre era membro da Congregação do Santíssimo Redentor. Em sua homenagem a Afipe (Associação Filhos do Pai Eterno), afirmou que ele teve um papel fundamental na propagação da devoção ao Divino Pai Eterno e de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, por meio do trabalho realizado pela entidade.

De voz inconfundível, Jesus Flores era porta-voz há décadas em análises dos cenários políticos locais, regionais e nacionais. Entre os admiradores, há quem diga que a comunicação era um dos carismas de sua ordem, a dos redentoristas.

Mesmo vacinado com as duas doses da vacina contra a Covid-19, o sacerdote se contaminou com o vírus e desenvolveu a doença. Seu estado já era considerado grave desde o início, pois Jesus Flores possuía problemas cardíacos.

No início do mês de setembro deste ano, Jesus Flores foi internado no Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin). Porém, dias depois precisou ser transferido para o Hospital do Coração, devido à piora de seu estado de saúde, além de ter sido intubado na UTI da unidade. No fim da semana, ele morreu em decorrência de complicações causadas pela Covid-19.

Antes de ser internado, o redentorista se preparava para estrear um programa semanal de entrevistas. O governador Ronaldo Caiado (DEM) decretou luto oficial de três dias em Goiás em função da morte dele.

“Padre Jesus Flores se constituiu, ao longo de décadas, como referência nas análises das conjunturas políticas em nível local e nacional, sendo muito respeitado por suas opiniões sempre imparciais, lúcidas, equilibradas e com grande conhecimento dos temas avaliados”, disse o governador na época.