RISCOS

Relevo da região onde caiu avião com Marília Mendonça prejudica visibilidade de pilotos

Além da presença do relevo, há torres de alta tensão ou linhas de transmissão de energia não sinalizadas

MPT apura supostos desrespeitos trabalhistas de empresa responsável por avião que levava Marília (Fotos: Agência Brasil)

A paisagem de morros presente na região onde a aeronave que levava Marília Mendonça caiu, na última sexta-feira (5) – zona rural de Piedade de Caratinga (MG), próximo ao acesso da BR 474 -, é um dos fatores que dificultam a visibilidade dos pilotos durante o pouso na pista próxima. É o que apontam especialistas em voo, que revelaram um receio já antigo de atuar nessa região.

Acompanhada do tio, Albicieli Silveira, e do produtor Henrique Ribeiro, além do piloto e copiloto, Marília viajava em um avião modelo Beech Aircraft. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião da PEC Táxi Aéreo e de prefixo PT-ONJ tinha capacidade para seis passageiros, estava em situação regular e tinha autorização para circulação de táxi aéreo.

Porém, segundo o piloto e especialista em segurança de voo, Sérgio Luís Mourão, que já operou no aeroporto de Caratinga algumas vezes, são necessárias cautelas adicionais em função dos obstáculos no local onde houve a queda da aeronave.

“Esses morros às vezes prejudicam a visibilidade do piloto na aproximação. Não a ponto de causar realmente uma situação arriscada, porque, naturalmente, se isso acontecesse, o aeroporto sequer poderia ser operado. A presença de obstáculos prejudica uma aproximação estabilizada, impede, muitas vezes, o piloto de manter uma rampa constante. Então, ele tem que fazer algumas variações para ajustar a aproximação àquela pista”, detalhou Mourão, ao portal G1.

Além da presença de morros na região, o piloto explica que, muitas vezes, “torres de alta tensão ou linhas de transmissão de energia não são sinalizadas, o que também dificulta a visibilidade”.

Aeronave em que estava Marília Mendonça atingiu cabo de alto tensão antes de cair

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) disse, em nota, que o avião bimotor que transportava a cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas, atingiu o cabo de uma torre de distribuição da empresa antes de cair. O acidente aconteceu em Caratinga, nesta sexta-feira (5).

Testemunhas e pilotos que sobrevoaram a região próximo ao momento do acidente disseram que a aeronave “rasgou” fios de alta tensão ligadas a uma torre próximo ao local.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão do Comando da Aeronáutica, foi acionado para investigar as causas da queda do avião.

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