Remédios clandestinos para emagrecer eram misturados em betoneira, aponta investigação
Organização criminosa possuía uma fábrica clandestina localizada dentro de uma fazenda em Cachoeira Alta, em Goiás
Remédios clandestinos para emagrecer misturados em betoneira e colocados em balde sem qualquer controle de higiene. É o que apontam as investigações que apuram a fabricação de medicamentos irregulares em Goiás e Minas Gerais. Até o momento, 14 pessoas foram presas. As informações são do delegado responsável pelo caso, Rafael Gonçalves Carmo.
Conforme explica o investigador, a organização criminosa possuía uma fábrica clandestina localizada dentro de uma fazenda em Cachoeira Alta, em Goiás. A fabricação, segundo ele, não possuía qualquer controle técnico e de higiene.
“Não havia nenhuma autorização e nem mesmo fiscalização porque eles atuavam em um ambiente escondido. Nenhum dos envolvidos tinha formação técnica. Eles, provavelmente, devem ter pegado uma fórmula de fabricação e faziam o produto com base apenas nisso, sem qualquer orientação de órgãos reguladores”, afirma.
Rafael cita que os investigados utilizavam uma betoneira de construção civil para aumentar a produção dos medicamentos. O delegado conta, ainda, que os suspeitos não possuíam instrumentos para fazer a medição das substâncias. “A pesagem era feita com uma balança de açougue e as substâncias misturadas na betoneira.
Substâncias
Apesar de os investigados venderem os remédios como fitoterápicos,ou seja, à aase de plantas, as investigações apontam o uso de substâncias como sibutramina (diminui sensação de fome) e fluoxetina (antidepressivo), que foram encontradas na fábrica clandestina.
A Polícia trabalha para investigar como e com quem os suspeitos conseguiram as substâncias, que são de uso controlado. “Essa é uma nova etapa da investigação. Estamos trabalhando para rastrear a origem da substância”, salienta Rafael.
A subtramina e a fluoxetina eram misturadas e transformados em um pó. O cheiro era de ervas para despistar as irregularidades. Em seguida, eram colocados em diversos rótulos de marcas e empresas fantasia. E comercializados tanto pela internet quanto para outros revendedores.
O delegado afirma que deve concluir parte dos inquéritos nos próximos dias. Os investigados podem responder por adulteração de produto, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Relembre
Denominada Dieta Sadia, a operação, que teve colaboração do Ministério Público (MP-GO), desarticulou uma associação criminosa que fabricava, distribuía e revendia remédios para emagrecer sem autorização dos órgãos competentes.
Na última quarta-feira (4), 16 mandados de busca e apreensão, três mandados de prisão temporária e nove de prisão preventiva foram cumpridos. Outras duas pessoas foram presas na última segunda-feira (9). O grupo, que atuava em São Simão, Cachoeira Alta e Paranaiguara (MG) é investigado desde fevereiro deste ano.