Réquiem para Marcus Aprígio Chaves
Hoje completam sete dias assassinato dos dois advogados, Marcus é meu amigo de infância
“Dois advogados são assassinados em escritório do Setor Aeroporto”.
Recebi essa mensagem no celular na tarde da quarta-feira passada e segui a vida. Não cliquei no link da matéria. A violência no Brasil nos bombardeia tanto que ficamos inertes a essas notícias brutais. A exceção é quando essa barbárie chega nas pessoas que amamos. Aí a coisa muda.
Nas tardes das quartas, gravo uma série histórica sobre os prefeitos de Goiânia com meu pai para meu canal de Youtube. Eu estava envolto nesse trabalho. Quando finalizei o trampo, vi que a mesma manchete estava no meu WhatsApp vinda agora de meu amigo de infância Rogério. Tremi as pernas.
Cliquei, alguns segundos que pareceram semanas se passaram e a notícia que eu jamais queria ler socava meus olhos: mataram o Marcus.
Não me recordo do dia em que conheci Marcus. Provavelmente foi quando estávamos na quinta série. Deve ter sido. Estudávamos no Colégio Agostiniano e morávamos no Setor Aeroporto. Voltávamos juntos da escola todos os dias. Ele morava na 59-A, eu na 26-A. Era nossa rota diária.
Fazíamos tudo juntos.
Perdi as contas de quantas tardes passei em sua casa lhe ajudando com as matérias que tinha dificuldade, para que ele passasse nas provas unificadas. Jogávamos bola junto, íamos ao Serra Dourada torcer pelo Goiás juntos, andávamos de bicicleta pela cidade juntos, jogávamos Mega Drive juntos, locávamos fitas de videogame juntos…
Na adolescência, quando entramos no segundo grau, fui para a Escola Técnica Federal de Goiás e ele permaneceu no Agostiniano. Distanciamos um pouco, mas não muito. Continuávamos sendo vizinhos e o amor pelo Goiás e pelas arquibancadas do Serra Dourada nos unia.
Já adultos, nos encontrávamos para beber cerveja, eu passava em seu escritório para tomar um café, falávamos de amenidades, da vida, dos sonhos. Uma amizade real.
Na última vez que nos falamos, ele disse que ainda bem que a pandemia impedia a presença de público nos estádios, pois nos poupava de ver a lástima do time do Goiás em campo. Esse era o humor de Marcus.
Fiquei devastado com a crueldade de sua morte. Ainda estou processando sua ausência. E todas palavras são poucas para homenageá-lo. Ontem de noite, na Igreja Nossa Senhora de Fátima da Praça do Avião, aconteceu uma missa em sua homenagem. Em tempos de pandemia, não fui presencialmente. Mas meus pensamentos estavam com a família Aprígio Chaves, com a Carol e seus dois filhos.
Marcus foi uma pessoa incrível. E todos nós que tivemos a sorte de lhe conhecer devemos ser gratos por essa oportunidade de ouro. Marcus era a encarnação do amor. Todos sabíamos disso. E esse amor estará para sempre no coração de todos que tiveram a sorte de compartilhar bons momentos com ele.
Não tive a sorte de conhecer Frank. Talvez tenhamos sido apresentados pelo Marcus no escritório em alguma oportunidade, mas não tenho certeza disso. Que os amigos e familiares do advogado recebam meus sinceros sentimentos nesse momento de dor.