Justiça Federal

Rocha Loures tira tornozeleira em Goiânia e está em liberdade

Ex-assessor especial do presidente Michel Temer removeu equipamento e saiu sem falar com imprensa: Ele é o homem que corre com R$ 500 mil na mala

O ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR) saiu da Central de Monitoramento do Estado de Goiás, em Goiânia, sem tornozeleira. Ele foi ao local para remover o dispositivo de monitoramento eletrônico depois de uma decisão da Justiça Federal. Rocha Loures é apontado como receptor da mala com R$ 500 mil do grupo JBS. A retirada da tornozeleira acontece no mesmo dia que a Polícia Federal (PF) cumpriu prisão do dono da empresa JBS Joesley Batista e de Ricardo Saud, executivo da empresa e apontado como entregador da mala de dinheiro.

Ele é ex-assessor especial do presidente Michel Temer (MDB-SP). Em abril do ano passado, Rocha Loures foi flagrado pela Polícia Federal recebendo R$ 500 mil do executivo Ricardo Saud da JBS em uma mala. Por isso, ficou conhecido como “homem da mala”.

 

 

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A decisão para retirada do dispositivo foi publicada na quinta-feira (8) pelo juiz da 15ª Vara Federal do Distrito Federal, Jaime Travassos Sarinho. E atende a um pedido da defesa, liderada pelo advogado Cezar Bitencourt.

O emedebista chegou a ficar preso preventivamente por um mês, mas foi solto, por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). A liberdade ocorreu em julho de 2017, quando ele passou a ser monitorado via tornozeleira. O dispositivo eletrônico foi colocado na capital goiana pois, à época, estava em falta no Distrito Federal (DF).

Na manhã desta sexta-feira (9), a Polícia Federal prendeu o vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB), o empresário Joesley Batista, dono da JBS, e mais 14 pessoas. Dentre eles estava Ricardo Saud, que entregou a mala a Rocha Loures.

A operação deflagrada nesta sexta-feira investiga suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura durante o governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

A MALA
A partir de denúncia do Ministério Público Federal, investigação da Polícia Federal no ano passado apontou que Rocha Loures teria recebido uma mala com R$ 500 mil do grupo JBS. Um vídeo registrou o momento da entrega da valise em um restaurante em São Paulo. Além dos valores, o esquema envolveria outros pagamentos de valor semelhante ou superior.

O dinheiro seria destinado ao presidente Michel Temer, que nega envolvimento no caso. O repasse teria como finalidade garantir ao conglomerado benefícios em uma questão com a Petrobrás envolvendo preços de gás.

PRISÃO
Rocha Loures chegou a ser preso. Em junho do ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, determinou a prisão domiciliar com obrigações como o recolhimento em casa de 20h às 6h e nos fins de semana, a proibição de contato com os demais investigados, o impedimento de sair do país, a apresentação à Justiça sempre que solicitado e o monitoramento eletrônico por meio de tornozeleira.

Na decisão, o juiz Jaime Travassos Sarinho considerou que, frente ao comportamento de Rocha Loures no inquérito, tais medidas não seriam mais necessárias.

O magistrado citou que o acusado compareceu aos atos do processo, prestou depoimento e não colocou obstáculos ou “praticou ato que indicasse predisposição a não se submeter a uma eventual pena”.

“Por outro lado, observo que o direito de locomoção do acusado está limitado por período significativo de tempo, sem que tenha havido notícia de descumprimento por parte de Rodrigo Rocha Loures de quaisquer medidas cautelares fixadas”, acrescentou o juiz. Ainda de acordo com o magistrado, o acusado teria apontado “constrangimento” no uso da tornozeleira.

Por isso, o juiz retirou a obrigação da tornozeleira, mas manteve as demais medidas cautelares. (Com Agência Brasil)