Sacrifício só de bares e restaurantes é injusto
Crise deixa muitos estabelecimentos sem alternativas
A vida de quem depende do setor de bares, restaurantes e entretenimento não está fácil. O segmento já vinha sacrificado da crise econômica em que patina o Brasil há anos. A pandemia veio para derrubar de vez quem já não estava lá muito bem das pernas.
A covid-19 não prejudicou somente os representantes brasileiros do setor. O pub inglês The Lamb and Flag que o diga. Na ativa desde 1566 na cidade de Oxford, o bar vai cerrar as portas no final de janeiro. Com clientela cativa entre universitários, acadêmicos e intelectuais, o estabelecimento viu que os prejuízos acumulados na pandemia, aliado à falta de clareza sobre o prazo em que poderá retornar as atividades normalmente, impedem a continuidade do funcionamento.
Imagine todos percalços que o pub passou ao longo desses mais de 450 anos. Guerras, catástrofes, perseguições religiosas, tragédias ambientais, pandemias… Tudo isso foi superável. A covid-19 não.
Trago esse exemplo marcante somente para termos clareza de que estamos lidando atualmente com um cenário muito grave e de difícil paralelo com outro momento histórico. Não há soluções fáceis para o que vivemos.
A ideia do governador Ronaldo Caiado de proibir a venda de bebidas alcóolicas após 22 horas é uma solução que não soluciona nada. Trata-se de uma tentativa de conciliar a diminuição da circulação do vírus e não causar tantos prejuízos ao segmento. Acende uma vela para Deus e outra para o diabo, não resolve o problema e piora para quem está com água já batendo nas narinas.
Ou tenha coragem política para fazer um lockdown verdadeiro e feche todos segmentos comerciais, ou que a gente siga nesse isolamento de mentirinha que vivemos. O certo a fazer seria priorizar de verdade a saúde pública. Sei que não é fácil no momento político que vivemos. Se não há condições, não passe a conta só para bares e restaurantes. Seria injusto.
Aglomerações acontecem irresponsavelmente estado afora. Igrejas, feiras, ônibus e shoppings. Na Rua 44, academias, escolas e aviões. Por que só dos bares é cobrada responsabilidade social?