Salário mínimo é suficiente para encher apenas 3 tanques com gasolina em Goiânia
Petrobras reajusta preço da gasolina pela quinta vez no ano. Desde janeiro, combustível acumula alta de 41,3%
O brasileiro acordou e foi surpreendido mais uma vez com o aumento dos preços dos combustíveis. Em dois meses, o valor da gasolina já sofreu cinco reajustes que geram uma alta acumulada de 41,5%. Para se ter uma noção, um trabalhador que recebe salário mínimo (R$ 1.100) em Goiânia conseguirá encher o tanque de um carro de passeio com capacidade de 50 litros por cerca de três vezes ao mês, desconsiderando outros gastos. Se o cálculo for feito levando em consideração o preço do etanol, seria possível completar o tanque apenas cinco vezes com o respectivo vencimento.
A equipe do Mais Goiás percorreu as ruas de Goiânia no início da manha desta terça-feira (2) e chegou a encontrar a gasolina a R$ 5,79 e etanol a R$ 3,99. Os valores assustaram os goianienses que precisam utilizar automóveis para trabalhar e estudar.
A motorista e estudante de enfermagem Ana Gabriela Lacerda alega que a situação está insustentável. “Em meio a uma pandemia os preços subirem desse jeito… já sofremos com perda de renda e agora tudo está mais caro. Se antes, com R$ 100, eu conseguia rodar mais de 10 dias, agora não dá nem pra semana”, disse.
Preços
Em nota divulgada a imprensa, a Petrobras afirmou que “os preços praticados pela agência e suas variações para mais ou para menos associadas ao mercado internacional e à taxa de câmbio têm influência limitada sobre os preços percebidos pelos consumidores finais”.
A empresa ainda afirmou que os valores dos combustíveis vendidos na bomba do posto são diferentes dos preços cobrados nas refinarias. “Até chegar ao consumidor são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis, além das margens brutas das companhias distribuidoras e dos postos revendedores de combustíveis”.
Postos
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto) manifestou que que recebeu com apreensão a notícia de mais um aumento da Petrobras, “uma vez que o reajuste onera ainda mais os custos de manutenção dos negócios pelos empresários do setor”.
O órgão ainda destacou que o repasse do reajuste para o consumidor é uma decisão exclusiva e individual dos donos de postos de combustíveis.
PIS e Cofins
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou um decreto e uma medida provisória para reduzir a zero as alíquotas da contribuição do PIS/CONFINS incidentes sobre a comercialização e a importação do óleo diesel e do GLP de uso residencial. Para o diesel, a redução entrará em vigor em abril e para o gás, a norma valerá nos meses de março e abril deste ano.
Apesar da notícia parecer animadora, especialistas acreditam que a ação não será suficiente para gerar economia no bolso do consumidor final.
O economista Bruno Fleury explica porque a redução dos preços dos combustíveis pode não ocorrer mesmo com o PIS e Cofins zerados. “No caso do diesel a carga tributária é de 23% e no gás de cozinha 18%. Teoricamente os preços deveriam baixar. Mas essa lógica não funciona nesse setor extremamente cartelizado no Brasil. A questão não é o preço do combustível que não é o mais caro do mundo. Nem o mais barato. Estamos na média. Mas o que pesa é o poder aquisitivo da população. É preciso melhorar a renda”, esclareceu.