Saneago contesta estudo que apontou substâncias impróprias na água de cidades goianas
Companhia diz que levantamento tem dois problemas: digitação de resultado; e conversão de unidades de medida
A Saneago realizou uma checagem própria sobre o levantamento feito pelo site Repórter Brasil, que apontou substâncias químicas ou radioativas, impróprias para consumo, na água em 59 municípios de Goiás, entre 2018 e 2020. De acordo com a companhia goiana de saneamento houve um equívoco, pois foram usadas medidas erradas.
Em nota, a companhia disse que fez a “conferência de cada um dos valores”. Keyle Borges, bioquímica e supervisora de Laboratório de Água da Saneago, informou, então, que, diante dos resultados do levantamento, foram observados dois tipos de problema: um deles é a digitação de resultado; e o outro a conversão de unidades de medida.
“É como se alguém falasse que andou mil metros e, no momento de registrar, colocasse mil quilômetros. O mesmo aconteceu com os compostos analisados. Relatório do SisÁgua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, do Ministério da Saúde) exige que os valores estejam expressos em miligramas por litros, mas os resultados estavam em microgramas por lito; então a diferença é grande”, detalhou.
Com isso, a Saneago pedirá a correção dos resultados. “A partir disso, ações estão sendo tomadas, anexando provas, pontuando problemas encontrados para fazer a correção no SisÁgua para futuras consultas”, informou e completou: “Nosso monitoramento da qualidade da água é realizado de acordo com as exigências do Ministério da Saúde. E a Saneago cumpre rigorosamente a lei que determina o padrão de potabilidade da água.”
Ainda segundo ela, o valor de referência permitido de substâncias impróprias é analisado e, em caso de ultrapassar o previsto, é preciso comunicar as autoridades para a realização de planos de ação conjuntos para evitar que estas cheguem a população. Keyle reforça que este não é o caso. “Garantimos que a água que fornecemos é segura e cumpre os requisitos legais.”
Confira a nota na íntegra da Saneago:
“As análises da qualidade da água são realizadas de acordo com a exigência do Ministério da Saúde. A Saneago segue rigorosamente a lei que disciplina essa atividade, ela que determina a frequência das análises, a quantidade de amostras que devem ser coletadas, os parâmetros que precisam ser analisados e os valores máximos permitidos.
Os nossos laboratórios possuem instalações e equipamentos adequados, equipe técnica qualificada e têm implementado o Sistema de Gestão da Qualidade, conforme requisitos da norma NBR ISO IEC 17025, que demonstram a competência técnica do laboratório em garantir resultados confiáveis e rastreáveis.
Os resultados das análises são criticamente analisados e disponibilizados no Sistema Informatizado da Saneago.
São também encaminhados para as Vigilâncias Sanitárias Municipais e Estadual, utilizando formulários específicos (SISAGUA mensal e semestral).
Posteriormente, as vigilâncias acessam o sistema do Ministério da Saúde (Portal SISAGUA) e digitam todas as informações fornecidas pela Saneago. Por fim, as informações fornecidas para o Ministério da Saúde ficam disponibilizadas para consultas pelo público em geral.
Esse processo ocorre em cadeia, onde existem vários órgãos e responsáveis pela transferência das informações.
Recentemente, foram publicados dados correspondentes ao período de 2018 a 2020, disponibilizados no SISAGUA e houve a informação equivocada de que alguns municípios do Estado de Goiás apresentaram água com substâncias acima do Valor Máximo Permitido (VMP).
Esmiuçamos os dados apresentados nas reportagens, realizamos a conferência de cada um dos valores. Nisso, constatamos que os equívocos foram provocados pela conversão errônea das unidades de medida, que gerou erros na digitação de resultados.
Com isso, fora do contexto do histórico de monitoramento foram divulgadas informações falsas de contaminação da água. Tranquilizamos a população! Temos todas as garantias que a Saneago oferece água potável e segura.
A Saneago está providenciando junto às vigilâncias sanitárias a correção/atualização dos dados no sistema do Ministério da Saúde, mediante apresentação dos laudos com os resultados reais demonstrando que nenhum valor das substâncias encontradas está acima do Valor Máximo Permitido.
Resumo: É como se alguém falasse que andou mil metros e, no momento de registrar, colocasse mil quilômetros. O mesmo aconteceu com os compostos analisados. Relatório do SisÁgua exige que os valores estejam expressos em miligramas por litros, mas os resultados estavam em microgramas por lito; então a diferença é grande. A partir disso, ações estão sendo tomadas, anexando provas, pontuando problemas encontrados para fazer a correção no SisÁgua para futuras consultas.
Levantamento
Segundo laudos do levantamento realizado entre 2018 e 2020, com dados de empresas de abastecimento de água, existe a presença de substâncias químicas ou radioativas, impróprias para consumo, na água em 59 municípios de Goiás. Na soma de todos os Estados brasileiros, são 763 cidades. Os documentos usados no estudo foram todos enviados ao SisÁgua.
O levantamento dividiu os casos em que houve infração ao limite de segurança em dois tipos: um vermelho mais escuro, que representa a água com substâncias com maiores potencial de gerar doenças crônicas, como câncer; e outro com vermelho mais claro, em que a água apresentou outras substâncias que geram riscos um pouco menores à saúde, embora também sejam nocivas.
Vale citar, os testes foram realizados em todo o País – com dinheiro público. Só em Goiás, foram 33.914. Destes, 234 ficaram acima do limite nos últimos três anos.
Dos 5.570 municípios do Brasil, 2.645 não fizeram testes de substâncias químicas e radioativas. Foram 2.161 que realizaram e estavam dentro do limite e 763 que passaram esse limite – quanto mais testa, mais problemas são verificados.
Dessas cidades que apresentaram substâncias impróprias na água acima do limite, 51% indicaram subprodutos do tratamento; 2% radioativos; 5% agrotóxicos; 35% inorgânicos e 7% orgânicos.
Ou seja, segundo a pesquisa, os principais responsáveis pela contaminação da água no Brasil são as substâncias geradas pelo tratamento (51%). São os “subprodutos da desinfecção”, que surgem da interação do cloro com com elementos como algas, esgoto ou agrotóxicos.