CORONAVÍRUS

Santa Helena distribui medicamentos sem eficácia comprovada contra covid-19

O chamado 'kit covid' é composto por medicamentos como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina

Foto: Twitter

A prefeitura de Santa Helena, no sudoeste goiano, adotou a distribuição do chamado ‘kit covid’ como estratégia de combate ao coronavírus, causador da Covid-19. No entanto, o kit é composto por medicamentos como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina, que conforme especialistas e entidades da Saúde, não têm eficácia comprovada contra o vírus e podem trazer, inclusive, efeitos colaterais.

A distribuição dos medicamentos é feita desde o ano passado. Em entrevista  uma TV local, a titular da Secretaria de Saúde do município, Letícia Rosa, declarou que a adoção do kit foi feita após reunião com as equipes técnicas dos hospitais da região. Ainda segundo a titular da pasta, o município observou que, fazendo uso desses medicamentos, os pacientes com Covid “passavam bem” e apresentavam “sintomas mais leves”.

Atualmente, Santa Helena de Goiás é classificada com o status de calamidade pela Secretaria de Saúde de Goiás (SES-GO) no que se refere à contaminação por Covid-19. O município tem 5.336 casos confirmados e 175 óbitos provocados pela doença.

Sem eficácia

O chamado “tratamento precoce”, que leva hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina, é contraindicado por especialistas e entidades da área da Saúde por, segundos eles, não haver nenhuma comprovação científica de sua eficácia contra a Covid-19.

Em janeiro deste ano, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) chegou a publicar um alerta afirmando que “não recomenda o tratamento precoce” pois os “estudos clínicos randomizados com grupo controle existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns destes medicamentos podem causar efeitos colaterais”. Em março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também comunicou ter concluído que a hidroxicloroquina “não funciona no tratamento contra a Covid-19”.

No mesmo mês, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificou o primeiro caso de paciente que teve diagnóstico de hepatite medicamentosa relacionada ao uso do ‘kit covid’.

A reportagem do Mais Goiás tentou contato com a prefeitura de Santa Helena, mas não obteve retorno. O espaço permanece aberto.