“Se estava ruim, ficou pior”, diz OAB sobre rebelião no Complexo Prisional
Comissão de Direitos Humanos irá apurar possíveis violações aos direitos humanos no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.
A Comissão de Direitos Humanos da OAB-GO (CDH) irá realizar uma inspeção para apurar possíveis violações aos direitos humanos no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. O objetivo é apurar o que causou a rebelião de presos que aconteceu no início da tarde desta sexta-feira (19).
Em entrevista ao Mais Goiás, o presidente da CDH, Roberto Serra da Silva Maia, informou que a comissão acompanhou in loco o trabalho da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP). Ele afirmou também que recebeu uma série de denúncias de familiares de presos pouco antes da rebelião acontecer.
“Eu comecei a receber notícias de familiares de pessoas presas que internos estariam sendo alvo de maus-tratos e agressões aos presos. Todas de forma extra-oficial, pelo WhatsApp e por e-mail. Na mesma hora, recebi a informação de que ‘a cadeia estava virando’. Como eu estava no meio de uma audiência, solicitei ao vice-presidente, Gilles Gomes, que fosse ao local”.
Roberto disse que é cedo para apontar o que aconteceu, mas que a OAB-GO irá acompanhar a apuração do caso. “O que iremos fazer é chamar os órgãos responsáveis pela execução penal para que nos auxiliem nessa inspeção. Vários fatores podem deflagrar uma rebelião”.
O presidente afirmou ainda que a situação do sistema prisional em Goiás tem preocupado a ordem. “Não é de hoje que temos notícias de que o sistema prisional está com problemas sérios. Nós chegamos a fazer inspeções em janeiro no complexo. O local vai persistir no acolhimento de detentos. Se estava ruim, certamente ficou pior após a rebelião”, concluiu.
A rebelião
Os detentos acusam a administração da unidade de violação da cobal, com a retenção de alimentos levados pelos familiares. Eles chegaram a transmitir a rebelião ao vivo pelo Facebook. No vídeo, é possível ver um cenário de caos: colchões pegando fogo, detentos feridos e barulho de tiros.
Nos vídeos obtidos pela reportagem, os presos aparecem cobrando a substituição da atual direção da POG. Segundo eles, a administração da penitenciária teria vetado a entrada de alimentos para eles, permitindo apenas sabão e água.
“Isso aqui aconteceu por causa do diretor, ele quer oprimir “nóis”, “tamo” dando a resposta. Quis dar sabão pra gente comer. Tão dando tiro de verdade em nós. Também temos família. Cadê os Direitos Humanos? Só passam pano para estuprador, que come o filho dos outros. Estamos reivindicando os nossos direitos”, diz um dos detentos.
A rebelião acontece um dia após o assassinato do Vigilante Penitenciário Temporário (VPT), Elias de Sousa Silva, e da esposa dele, Ana Paula Dutra, nas proximidades do Complexo Prisional. A reportagem apura a possível relação que o evento de hoje pode ter com o crime.
Ao Mais Goiás, a DGAP afirmou que, por volta das 15h30, a situação já estava resolvida.