Senador Canedo: avó de menina que ficou em estado vegetativo por agressão de padrasto e mãe pede celeridade à Justiça
A Justiça ainda não julgou a mãe e o padrasto de N. S. C. G.,…
A Justiça ainda não julgou a mãe e o padrasto de N. S. C. G., de 4 anos, acusados de agredirem a criança até que ela entrasse em coma e ficasse em estado vegetativo. O caso aconteceu em 2020, em Senador Canedo. A avó paterna da criança, Rejane Couto Gouveia, pede celeridade e justiça para a neta.
O portal conversou com ela, pela primeira vez, em agosto do ano passado. À época, ela pediu pela prisão dos acusados.
Em setembro do ano passado, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) fez o aditamento da denúncia (prosseguiu com ela e incluiu novos detalhes) e considerou os crimes de lesão corporal, ameaça (ao padrasto da companheira) e omissão de socorro para o suspeito e lesão corporal para a suspeita. O MP dispensou novas testemunhas.
Já em novembro, o advogado da avó materna de N.S.C.G., Gastão Filho, entrou com o pedido de prisão preventiva contra o casal. A justiça, contudo, negou. Ele recorre à segunda instância e ainda aguarda uma posição.
O Mais Goiás entrou em contato com a defesa do casal acusado, que preferiu não se posicionar sobre o processo.
Relembre o caso
O caso aconteceu em 16 de fevereiro de 2020, em Senador Canedo. À época, a Polícia Civil ficou sabendo do caso quase um mês depois. Primeiro, a mãe da menina negou que o marido tenha agredido a criança e disse que a filha apenas caiu durante o banho, mas depois confessou que foi ela a autora do crime. Hoje, N. vive em estado vegetativo, não anda e se alimenta por sonda.
Em entrevista ao Mais Goiás, Rejane contou que desconfiava que a menina era vítima de violência, já que ela já apareceu com roxos, com um furo na esclera (parte branca do olho) e dizia que o padrasto, que ela chamava de pai, a colocava de castigo virada para a parede. Rejane disse que tentou denunciar o caso, mas a avó materna da menina não concordou e ela acabou desistindo.
Rejane revelou que ficou sabendo do caso apenas no dia 9 de março de 2020, quando a mãe da menina ligou para ela. “A mãe dela me ligou por volta de 17h, dizendo que a minha neta estava em coma. No outro dia pela manhã, eu e o meu filho, pai da N., fomos no hospital, ela estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Com a comoção do acontecimento, não tocamos no assunto. A avó materna apenas disse que nossa neta tinha caído no banheiro.”
Entretanto, no dia seguinte, Rejane foi ao hospital em que a menina estava internada. Lá, os médicos disseram que a situação era gravíssima e que a queda da própria altura não poderia deixar tantas fraturas na criança. Posteriormente, devido a suspeita de espancamento, o hospital enviou um e-mail ao Conselho Tutelar acerca do caso.
A avó, sem entender o que estava acontecendo, foi até o local. Lá, os conselheiros informaram que já tinham recebido denúncias anônimas de que o caso não se tratava de uma queda e sim de um espancamento. Rejane e o pai da menina foram até a Delegacia da Polícia Civil e registraram o boletim de ocorrência para que tudo fosse investigado.
Um exame de corpo de delito comprovou que a menina sofreu um traumatismo cranioencefálico incompatível com o a queda da própria altura. Segundo o delegado responsável pela investigação do caso, o casal foi indiciado por lesão corporal grave.
No decorrer do processo, a mãe de N. confessou que foi ela que agrediu a menina e que o marido não teve participação no crime. Entretanto, testemunhas disseram durante as audiências que foi o homem que espancou a criança. O Mais Goiás teve acesso a um áudio onde a mulher confessa que bateu na filha. Confira AQUI.
A avó da menina conta que, desde que ela realizou a denúncia, vem sofrendo ameaças. “Eu sofri várias ameaças. Ano passado aconteciam via telefone. Agora, em março de 2021, eu estava no posto de saúde e sofri uma tentativa de atropelamento.” Gastão Filho afirmou que as pessoas que testemunharam contra o padrasto da criança também receberam ameaças do denunciado.
Recuperação
Quando a vítima foi agredida, ela passou pela Unidade de Pronto Atendimento (Upa) de Senador Canedo, foi transferida para o Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (Hmap) e depois para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), onde recebeu alta quase três meses depois, no dia 22 de maio de 2020.
Rejane conta que não tem condições de pagar médico particular e a neta faz acompanhamento apenas com fisioterapeuta e fonoaudióloga pelo programa Melhor em Casa, em Senador Canedo. “Pelos homens não há muito o que fazer, somente um milagre para ajudar na recuperação”, disse.
Hoje, N. tem guarda compartilhada com a avó materna, paterna e com o pai.
Pedido de ajuda
A avó paterna, Rejane, também pede enfrenta dificuldades para conseguir uma vaga para a neta, no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (Crer). “Ela está há dois anos assim e nunca conseguiu uma vaga para tratamento no Crer.”
O portal procurou a prefeitura de Senador Canedo e também o Estado para conseguir uma posição sobre a vaga no Crer. Até o momento não houve retorno do município. Já a secretaria de Estado de Saúde afirmou que fará um levantamento para verificar a questão e retornará até esta quarta-feira (19).
A matéria será atualizada assim que o site obtiver novas informações.
Atualização com nota da prefeitura de Senado Canedo:
“A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Senador Canedo informa sobre o caso da paciente citada em reportagem, veiculada no portal de notícias Mais Goiás, que está aguardando vaga na regulação para tratamento do Aparelho Digestivo:
A paciente, que é uma criança, é acompanhada pelo atendimento multidisciplinar do Melhor em Casa e passou por tratamento no Centro de Especialidades Médicas (CEM) do município. Na consulta de paciente regulados pelo sistema do Estado, consta cinco solicitações confirmadas.
No entanto, o último encaminhamento, para especialidade de Gastroenterologia, liberada para Unidade CAIS Chácara do Governador, em Goiânia, de 26 de novembro de 2021, a família não buscou a autorização em tempo hábil junto a SMS. A tia da criança, esteve na Secretaria de Saúde, mas não soube explicar o motivo pelo qual a família não compareceu para buscar o comprovante.
Uma nova solicitação foi realizada, e segue aguardando a confirmação de vaga pela Regulação Estadual.
A SMS informa ainda que, a criança é bem assistida pelo Sistema de Saúde do Município. A paciente e a família sempre receberam todo suporte necessário: com consultas, encaminhamentos e até mesmo, transporte de ambulância para o tratamento fora de Senador Canedo.
A Secretaria Municipal de Saúde de Senador Canedo reitera o compromisso com o atendimento dos pacientes e continua acompanhando de perto o caso da paciente citada, até que seja a vaga liberada.”
*Atualizada às 18h54