Servidores da rede municipal de saúde de Goiânia protestam sobre plano de carreira
Caso a prefeitura não se posicione, uma assembleia com indicativo de greve será realizada pelos servidores no próximo dia 12/3
Profissionais da rede municipal de saúde manifestaram pelo cumprimento integral do plano de carreira e o pagamento das progressões de carreira, na manhã desta quarta-feira (27), na entrada do Centro Administrativo Municipal da Prefeitura de Goiânia. Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO), a progressão (mudança de letra) deveria ocorrer a cada dois anos, mas desde o ano de 2014 isso não acontece. Cada progressão equivale a 6,12% do valor do vencimento.
Ao Mais Goiás, a presidente do Sindsaúde/GO, Flaviana Alves, explica que a ideia do movimento é construir um canal de diálogo entre os servidores e a Prefeitura de Goiânia. Também é solicitada a inclusão dos servidores da saúde que ainda não fazem parte do plano.
“Nós da área da saúde ainda não recebemos resposta concreta por parte da prefeitura sobre a aplicação do nosso plano. Como esse já é um acúmulo de duas progressões, isso significa uma progressão de 12,24%. Aplicando isso ao menor salário base, em torno de R$ 1.200, daria um prejuízo de R$ 300. E aplicando ao salário máximo, daria um prejuízo de até R$ 1.500. Desde a gestão passada nós cobramos mudanças, mas nada é feito pelos servidores”, explica.
Segundo a sindicalista, uma assembleia já foi agendada para o próximo dia 12 de março e esta já possui caráter grevista. A assembleia será realizada no Paço Municipal.
“Tudo depende do que for acertado hoje entre nós e o prefeito. Somos mais de 8 mil servidores da saúde trabalhando pelo município de Goiânia e todos estamos sendo prejudicados com o não cumprimento do plano que já é direito nosso”, declara.
Impacto
A enfermeira Simonne Martins, que trabalha como analista de saúde pela rede municipal há 15 anos, conta que o descumprimento do plano atrapalha muito a vida das famílias e acaba influenciando nos planejamentos econômicos dos servidores que se sentem desvalorizados pelos gestores do município.
“Nós estamos protestando a favor de um direito que já existe, não estamos pedindo um aumento. A secretária colocou um novo horário para nós: teremos que trabalhar mais tempo por semana e mais vezes. Essa paralisação da progressão simplesmente acabou impactando no poder de compra de cada servidor e influenciando na vida de cada família”, declara.
Conforme a enfermeira Cynthia Assis de Barros, que trabalha há 11 anos na rede municipal de saúde, esse dinheiro contribui para o pagamento de suas contas domésticas. “Preciso pagar a escola do meu filho, as compras de casa, tudo que a gente tem de gasto pagamos com o nosso salário, assim como qualquer outro trabalhador. As coisas aumentam, o gás aumenta, a gasolina todo dia está com um preço diferente e se o salário se mantém o mesmo, a gente vai pagar tudo isso como?”, questiona.
Cynthia relata que a carga horária dos servidores é de 40 horas semanais e, em razão disso, a maioria não consegue trabalhar em outro lugar para ajudar com as despesas. “A maioria de nós tem que se dedicar apenas a este emprego e não temos outra fonte de renda para complementar no fim do mês. Acaba que a gente não tem a possibilidade de comprar alguma coisa porque o salário não aumenta de forma alguma e todo o preço das coisas aumenta muito”.
Prefeitura de Goiânia
Até o fechamento da matéria, a Prefeitura de Goiânia não havia encaminhado nota sobre o assunto.
*Thaynara da Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo