Servidores do Hugo manifestam contra aumento de carga horária e suposta demissão em massa
Objetivo, segundo manifestantes, é expor risco risco para a segurança do paciente, além de cobrar manutenção de direitos trabalhistas
Servidores do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) realizam, na tarde desta sexta-feira (6), protesto contra possível aumento de carga horária e suposta demissão em massa na unidade de saúde. Objetivo, segundo manifestantes, é expor risco risco para a segurança do paciente, além de cobrar manutenção de direitos trabalhistas.
Na pauta, além das possíveis demissões e aumento da carga horária, estão a cobrança de transparência na mudança da OS, que passa do Instituto Haver para o Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS).
Antes do protesto, uma reunião entre a atual Organização Social (OS) gestora da unidade, o Instituto Haver, trabalhadores e Secretaria da Saúde (SES) deve ocorrer no auditório do Hugo. Após a discussão sobre as demandas dos trabalhadores, haverá a manifestação.
“O Hugo passa por um processo de transição de gestão, mas ainda é tudo muito confuso. Não sabemos quando o INTS, que ganhou a licitação, vai assumir. Não sabemos o que será feito, o que será mudado. Os trabalhadores pedem transparência nesta questão”, disse a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Goiás (SindSaúde), Flaviana Alves.
Segundo ela, a nova gestora pretende realizar mudança geral nos contratos. Atualmente os enfermeiros trabalham 30 horas semanais, mas a OS pretende aumentar a carga horária para 40 horas. “Eles tentam forçar o trabalhador a aceitar essa mudança sob a possibilidade de demissão em caso de negativa”, afirmou.
A entidade cobrou explicações da SES sobre tais mudanças e foi informada de que há uma comissão de acompanhamento e nenhuma modificação foi definida até o momento. Porém, de acordo com Flaviana, o clima é de tensão entre os trabalhadores. “Não houve proposta de mudança formal, mas há esses comentários feitos pela INTS e têm causado preocupação nos servidores”.
Processo seletivo
Uma das ações que provocaram alarde dos profissionais, além dos burburinhos nos corredores, foi o lançamento do edital para seleção de profissionais de enfermagem para a unidade. Lançado no último dia 27 de agosto, o edital foi prorrogado para até a próxima segunda-feira (8).
“Isso vai de encontro com o que eles falam informalmente de que vão dispensar aqueles que não se aderirem ao novo formato de contrato. O processo seletivo tem carga horária maior com salário menor. No final das contas eles estão agindo de má-fé. Ninguém fala nada lá dentro, ninguém da explicação. É um descaso total”, disse uma enfermeira que preferiu não se identificar.
Interferência da nova OS
Apesar de determinação judicial que suspendeu a transição da gestão do Hugo, funcionários do hospital afirmam que profissionais do INTS continuam na unidade para acompanhar e saber como é a rotina e conduta de cada setor. Em tese, a equipe da OS deveria estar acompanhada de grupo técnico da SES, o que, segundo uma das trabalhadoras que preferiu não se identificar, não tem ocorrido.
“A OS está dentro do Hugo. Eles estão olhando o patrimônio, vendo o que tem de cadeira e material. O problema é que eles não assumiram ainda e há uma liminar que suspende essa transição”, relata. O Mais Goiás procurou o Instituto Haver e confirmou a informação de que o INTS está no local. Segundo a direção do hospital, a nova OS tem interferido no funcionamento dos setores. Entre elas, a liberação de diversos profissionais de uma ala do hospital antes do fim do expediente na última sexta-feira (30).
Ainda conforme o Instituto, os funcionários do hospital são constantemente abordados pela equipe da nova OS para que a rotina de trabalho seja alterada. A gestão disse à reportagem que enviou ofício à Secretaria pedindo orientação sobre a presença do INTS na unidade e aguarda resposta.
Em nota, a SES informou que irá realizar ações para respeitar a determinação judicial que suspendeu a transição. A pasta reforça que o Instituto Haver permanece na administração do hospital enquanto a Justiça não chega a uma conclusão definitiva para a situação.
O INTS, por sua vez, disse que aguarda definição por parte da Secretaria quanto à transição e espera definição referente à liminar da Justiça sobre o chamamento. A OS informou que não irá se pronunciar sobre as manifestações dos funcionários e aguarda tramitação normal do processo “para dirimir o clima de alarmismo provocado, normalizar a transição e manter a continuidade dos serviços de saúde da população”.
Entenda
Durante o processo seletivo, entretanto, o Governo do Estado enviou à Assembleia Legislativa (Alego) um projeto de Lei que alterava especificações da referida lei para propiciar a chegada da vencedora do certame ao status de habilitada.
As mudanças trazidas pelo dispositivo legal 20.487/2019 , então, possibilitaram que o INTS apresentasse recurso com base nas alterações provocadas pelo estado, de modo que recuperou a habilitação. De acordo com a sentença, porém, as mudanças previstas na Lei não poderiam ser aplicadas ao processo em andamento.