“SES desenvolveu verdadeira estratégia de guerra ao Aedes”, diz gerente de Vigilância Epidemiológica
O risco da doença é particularmente grave para gestantes, já que ela está comprovadamente relacionada a casos de má-formação de fetos.
Como se não bastasse o perigo da dengue, da febre amarela e da febre chikungunya, o Aedes aegypti trouxe em 2015 mais uma doença com a qual devemos nos preocupar: a febre zika. O risco da doença é particularmente grave para gestantes, já que ela está comprovadamente relacionada a casos de má-formação de fetos.
No fim do ano, outra notícia causou alarme na população: há indícios de que a febre zika pode estar associada também à síndrome de Guillain-Barré, uma doença até então rara, de origem autoimune, que provoca fraqueza muscular generalizada e não tem cura.
Enquanto o poder público se mobiliza para neutralizar essa ameaça, a população precisa, mais do que nunca, estar atenta a formas de combater o mosquito e a que medidas tomar caso sintomas sejam detectados.
Com este fim, o MAIS GOIÁS traz uma entrevista com a gerente de Vigilância Epidemiológica, Magna Maria de Carvalho, que explica em detalhes o que o governo estadual vem efetuando e o que cada um de nós pode fazer para proteger a nossa comunidade.
Leia a entrevista:
Quais ações têm sido tomadas para evitar a propagação da zika e da dengue em Goiás?
O combate ao Aedes aegypti é hoje uma prioridade da SES-GO. A SES está utilizando ousadamente o termo eliminação do Aedes. E para isso desenvolveu uma verdadeira estratégia de guerra ao mosquito, em conjunto com a Defesa Civil (Bombeiros) de Goiás e os governos municipais.
A meta é visitar 100% dos domicílios goianos (mais de 3.100.000 imóveis) até 31 de janeiro de 2016. Essas visitas serão realizadas pelos agentes de endemias (mais de 1.800 em Goiás), agentes comunitários de saúde (quase 9.000 em Goiás), voluntários, funcionários das diversas superintendências da SES, e das secretarias municipais de Saúde.
As visitas serão acompanhadas pelo morador, que será orientado e será realizada a identificação e eliminação de criadouros do Aedes. Todo o trabalho será realizado sob o comando dos Bombeiros, SES e SMS.
Algumas das medidas que tomamos foram a aquisição de equipamentos e insumos para o trabalho de combate ao vetor, como veículos, bombas Costais, material educativo e instrutivo e coletes de identificação, além de medicamentos e insumos para os municípios, como sais de reidratação oral, soro e antitérmicos.
Outros pontos importantes foram a decretação de emergência em Saúde Pública em Goiás, a publicação da resolução tornando a Febre por Zika de notificação compulsória em Goiás, o monitoramento diário dos casos e óbitos de doenças transmitidas pelo Aedes e do trabalho de campo nos municípios através da estação Conecta SUS na SES-GO.
Também definimos os fluxos e referências para o atendimento dos casos suspeitos, encaminhando os de microcefalia para o Crer, de casos suspeitos de gestantes com Zika para o HMI e de Guillain-Barré para o HDT, criamos um grupo de expertises para investigação de casos e óbitos por microcefalia, capacitamos profissionais e desenvolvemos campanhas educativas.
Há quantos casos confirmados e suspeitos de zika e de microcefalia, relacionados e não relacionados com a doença, em Goiás? Os números estão dentro do que era esperado pela Secretaria?
Atualmente, há apenas um caso de zika confirmado, em Santo Antônio do Descoberto, e 40 casos em investigação em todo o Estado, a maioria, 13, em Goiânia. Quanto aos casos de microcefalia, há 48 registros no ano passado, até o dia 30 de dezembro. Sete deles estão potencialmente relacionados à Zika.
O Estado conta com estrutura adequada para cuidar de todos os casos que devem surgir nos próximos meses?
A estrutura para atendimento é composta pela atenção básica realizada pelos municípios e referência nos três hospitais, conforme fluxos: HMI, Crer e HDT.
O que a população pode e deve fazer para ajudar no combate à doença e ao Aedes aegypti?
A população pode ajudar de várias maneiras. A principal: cuidando de suas casas e quintais, eliminando todo o tipo de água parada; cuidando dos espaços públicos, não jogando lixo ou qualquer objeto que possa acumular água parada; recebendo o agente de saúde e seguindo as orientações a ele repassadas.
Existe alguma solução a curto prazo para essa nova epidemia ou é algo com que teremos de conviver pelos próximos anos, assim como a dengue?
A curto prazo as pessoas podem tomar algumas atitudes para minimizar a chance de serem picadas pelo mosquito. Utilizar barreiras físicas, como roupas frescas de manga comprida, calças e sapatos fechados, usar repelentes, mosquiteiros e telas em portas e janelas se possível.
É preciso que fiquem atentas aos sinais e sintomas das doenças e procurar imediatamente os serviços de saúde, hidratar-se bem e evitar o uso excessivo de bebidas alcoólicas cujo uso excessivo compromete a imunidade.
Pessoas com hipertensão e diabetes devem procurar fazer controle adequado. Essas pessoas podem ter maior risco de complicações por dengue.