Sete PMs são denunciados por ação com quase 60 tiros e 4 mortos em Cavalcante (GO)
O caso ocorreu em janeiro de 2022 e os envolvidos respondem pelo crime de homicídio qualificado
Sete policiais militares (PMs) foram denunciados pelo Ministério Público por ação com quase 60 tiros e 4 mortos em Cavalcante, na região Nordeste de Goiás. O caso ocorreu em janeiro de 2022 e os envolvidos respondem pelo crime de homicídio qualificado.
Conforme expõe o órgão, os denunciados por homicídio qualificado com emprego que dificultou a defesa das vítimas são: Aguimar Prado de Morais (sargento), Mivaldo José Toledo (sargento), Jean Roberto Carneiro dos Santos (cabo), Welborney Kristiano Lopes dos Santos (soldado), Luís César Mascarenhas Rodrigues (cabo), Eustáquio Henrique do Nascimento (soldado) e Ítallo Vinícius Rodrigues de Almeida (soldado).
Os militares são lotados no 14º Batalhão, em Niquelândia, e compunham o Grupo de Patrulhamento Tático (GPT). Eles foram denunciados pelas mortes de Alan Pereira Soares, Ozanir Batista da Silva, Antônio Fernandes da Cunha e Salviano Souza Conceição, em 20 de janeiro deste ano. Todos os policiais envolvidos foram afastados. No final de fevereiro, a Justiça também determinou a prisão de ambos.
O Mais Goiás entrou em contato com a PM em busca de um posicionamento acerca da denúncia e aguarda retorno. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos envolvidos. O espaço está aberto para manifestação.
Veja o que diz a denúncia da ação com quase 60 tiros e 4 mortos em Cavalcante
Na versão dos PMs, eles foram recebidos a tiros, revidaram e quatro pessoas morreram no confronto. Entretanto, o MP-GO argumenta que a narrativa dos militares não bate com as provas documentais, periciais e testemunhais que estão no inquérito policial da Polícia Civil.
A denúncia do Ministério Público narra que os militares, sob o argumento de que tinham recebido denúncia sobre uma plantação de maconha na região, foram de Niquelândia a Cavalcante em dois veículos policiais. Durante as diligências, teriam chegado até a propriedade de Salviano, onde encontraram uma espingarda.
Em seguida, detalha a peça acusatória, depois de tentar obrigar uma testemunha a deixar o local e se dirigir a uma propriedade vizinha, retornaram ao imóvel, momento em que encontraram as quatro vítimas.
“Os policiais militares, apesar de as vítimas já estarem subjugadas e incapazes de qualquer reação, começaram a efetuar diversos disparos de arma de fogo contra elas, impossibilitando, assim, qualquer chance de defesa por parte destas”, afirmam os promotores de Justiça que assinam a denúncia.
Uma das vítimas já estava no chão quando foi atingida, diz o MP
De acordo com a denúncia, uma das vítimas foi atingida quando já estava caída ao chão, uma vez que o laudo de perícia criminal de local de morte violenta apontou um orifício de solo com maior concentração de sangue, onde foi encontrado um projétil de arma de fogo.
Também foi apurado que os policiais permaneceram no local por cerca de uma hora e queimaram vegetação, para destruir a prova de que lá não havia plantação de maconha do tamanho que informaram – foram encontrados vestígios de quatro pés da planta.
Segundo o Ministério Público, os PMs também recolheram a quase totalidade das cápsulas deflagradas e levaram as vítimas para o Hospital Municipal de Colinas do Sul já sem vida.