GÊMEAS SIAMESAS

Siamesas separadas: Heloá já assiste a desenhos e Valentina está perto de ser extubada

As gêmeas siamesas eram unidas por parte do tórax, abdômen, bacia, fígado, intestinos delgado e grosso e genitálias

Gêmeas siamesas Valentina e Heloa Prado, de três anos (Foto: divulgação)

O Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) informou, por meio do boletim médico, que Heloá segue extubada, com padrão respiratório adequado e sem febre. Já a irmã, Valentina, apresentou boa evolução clínica nas últimas 12 horas, sem crises convulsivas. As gêmeas siamesas, de 3 anos, eram unidas por parte do tórax, abdômen, bacia, fígado, intestinos delgado e grosso e genitálias e fizeram a cirurgia de separação na última quarta-feira (11).

O boletim esclarece também que Heloá está recebendo antibióticos e dieta via parenteral (administração de nutrientes que é feito diretamente na veia) e também está usando cateter nasal de alto fluxo. “A criança apresenta padrão neurológico adequado para idade, está acordada, assistindo desenhos e respondendo a comandos”.

Valentina está sedada, mas responde aos comandos e tenta conversar com a mãe. “Não tem disfunções orgânicas e exames laboratoriais estão dentro da normalidade. Está com sonda nasogástrica, ainda em dieta zero – devido procedimento cirúrgico de grande porte – e está recebendo nutrição parenteral. No momento, respira com ajuda de aparelhos, baixos parâmetros, com programação de extubação para o próximo dia”, informou o boletim.

O médico Zacarias Calil, responsável pela separação das siamesas, informou que, na tarde desta quarta-feira, as meninas irão fazer uso de um curativo a vácuo, para melhorar a cicatrização da cirurgia. Revelou também que os intestinos das duas estão funcionando, o que, segundo ele, é muito importante.

Valentina, siamesa separada em Goiânia, apresenta melhoras após convulsões na UTI (Foto: Divulgação/ HECAD)
(Foto: Divulgação/ HECAD)

Obstrução pulmonar

Na segunda-feira (16), o médico Zacarias Calil contou que Valentina teve uma obstrução chamada atelectasia, quando o corpo produz uma secreção que acaba tampando o pulmão.

“Mesmo fazendo fisioterapia, essa “rolha” migrou e obstruiu o pulmão esquerdo. O pulmão esquerdo dela parou totalmente de funcionar, foi um quadro respiratório intenso. Os siameses podem ter uma piora repentina. Já à noite, a saturação voltou ao normal e agora ela está bem, segue intubada”, explicou o médico ao G1.

Cirurgia

A cirurgia de separação terminou à meia-noite de quinta-feira (12) e durou 15 horas. O procedimento foi feito pela equipe do cirurgião pediátrico Zacharias Calil e envolveu ainda outros especialistas da ortopedia, cirurgia plástica e urologia. Ao todo, 50 profissionais participaram do procedimento cirúrgico.

Segundo o médico pediátrico, Zacharias Calil, a cirurgia foi uma das mais complexas já acompanhadas por ele. “Nós já prevíamos um elevado grau de dificuldade devido ao grande número de órgãos compartilhados pelas irmãs, mas felizmente conseguimos superar todas as intercorrências que surgiram durante a cirurgia”, comentou o médico.

Fernando Oliveira, pai das crianças, comemorou o resultado da cirurgia realizada pela equipe do cirurgião Zacharias Calil. “Graças a Deus foi concluída a separação e agora vamos aguardar as próximas etapas e colocar nas mãos de Deus para que o restante ocorra tudo bem”, afirmou.