Sintego vai tomar providências por demissão de professora que se queixou a secretária: ‘assédio’
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Bia de Lima, classificou…
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Bia de Lima, classificou como “assédio moral” e “falta de educação” a postura da secretária de Educação, Fátima Gavioli, durante uma live, no último dia 24, contra uma professora. “O Sintego está tomando providências”, disse. A titular da pasta se irritou com a queixa e pergunta da educadora sobre os docentes que têm contrato poderem acompanhar os filhos em consultas médicas: “Você não é obrigada a trabalhar, não.”
Quatro dias depois, na segunda-feira (28), houve a exoneração de Roberta da Silva Batista da Silva, de 28 anos, professora do Estado que fez a pergunta. Ao Mais Goiás, a educadora disse que a situação “parece perseguição”.
Bia de Lima, por sua vez, indagou como a administração encerra o contrato da professora a um mês do fim do ano letivo. “É assim que essa administração faz? É inadmissível e eu fui atrás, e a secretária diz que está atendendo o clamor do Ministério Público para finalizar contratos. Agora? Faltando um mês e meio para finalizar o ano letivo? Depois da eleição?”
A presidente afirmou que o sindicato não aceitará esse tipo de assédio moral e perseguição pela secretaria de Educação. “Tem que acabar. Basta a tanta falta de respeito. O Sintego está tomando providências.”
Ao Mais Goiás, a pasta negou perseguição. A assessoria informou que os contratos têm duração de cinco anos e, ao fim, os servidores devem ser desligados. O portal aguarda a nota oficial.
Caso
Acerca da live, que ocorreu em 24 de outubro, Fátima leu o comentário no fim da gravação. “Estou vendo uma pessoa aqui dizendo ‘contrato não pode nem acompanhar o filho médico'”, citou a frase da professora e continuou: “Você não é obrigada a trabalhar, não. Se você for um contrato e você acha que tem de ter um emprego que libera para ir ao médico, você precisa sair, porque a lei é federal.”
E continuou: “Contrato que está aqui dentro trabalhando, não fez concurso, está dentro da rede, mas quer trabalhar em um lugar que você possa ter liberdade de ir e vir, mas a lei federal te proíbe, eu acho que você deveria pedir exoneração.” Quatro dias depois, houve a exoneração.
Roberta é professora de Geografia no Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Santa Bárbara, em Padre Bernardo. Desde 2018, ela atuava no Estado. Em 2023, ela engravidou e tirou licença-maternidade, retornando em 2024. Em agosto, o filho dela, de 11 meses, precisou de uma consulta médica.
Ela soube da demissão na segunda-feira, quando chegou na escola. Informaram que o contrato dela estava vencido e foi rescindido. “Fui, então, à regional de Águas Lindas e me disseram que apenas rescindiram meu contrato porque tinha mais de seis anos. Eles, então, me mostraram uma planilha com nomes que também estavam nessa situação, mas o meu não estava lá.”
Roberta, então, questionou isso e foi informada de que o nome dela veio direto do coordenador, que estava reunido com a secretária. “Parece perseguição. Além do meu nome não estar lá, é muito comum no Estado esticarem o contrato e professores atuarem com esse contrato vencido. Falta um mês de aula. Agora os alunos vão ficar sem aula no fim do ano”, lamentou.
Conforme Roberta, não houve contato ou retorno da secretaria de Educação, ninguém quis ouvi-la. No momento, somente o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) tem dado suporte, diz ela.
Nota da secretaria de Educação:
“A Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc/GO) esclarece os procedimentos relacionados ao desligamento de servidores contratados temporariamente, em resposta às informações solicitadas pela imprensa.
Conforme estabelecido pela Lei Estadual nº 20.918/2020, o prazo máximo de trabalho para contratos temporários na Rede Estadual de Educação é de até cinco anos. Após esse período, o contrato deve ser encerrado. No caso específico mencionado, a servidora em questão estava com o contrato vencido, motivo pelo qual foi desligada em atendimento a uma ação do Ministério Público de Goiás (MPGO), que, em junho de 2024, solicitou à administração estadual uma adequação às diretrizes legais.
A Seduc/GO iniciou um processo de levantamento de informações em atendimento à solicitação do MPGO, gerando uma força-tarefa conjunta entre áreas da administração pública para revisar todos os contratos temporários vigentes iniciando com os contratos com entrada em 2018.
Os desligamentos começaram após o encerramento do período eleitoral, de acordo com o calendário administrativo e os prazos das coordenações regionais, considerando o fechamento da folha de pagamento do estado.
As rescisões seguem as regras da Consolidação da Leis Trabalhistas (CLT) que determinam a um período de 30 dias até o desligamento final. Sendo assim todos os servidores que são informados do fim do contrato devem cumprir a carga horária normalmente até o final do mês de novembro
Cabe informar que sobre a servidora Roberta Silva foi aprovada no concurso público de 2022, para a Rede Estadual de Educação (com nota 65), para o município de Sítio D’Abadia, conforme sua opção no ato de inscrição. O chamamento dos aprovados está sendo realizado pela Secretaria de Administração do Estado de Goiás de acordo com as regras do edital.
A Secretaria repudia qualquer alegação de perseguição aos profissionais da Educação. Reforçamos que todas as ações adotadas pela gestão têm como princípios o respeito à legislação vigente, transparência nos processos e o compromisso com a valorização da Educação em Goiás.”