Crise Hídrica

Governo decreta situação de emergência nas bacias do Rio Meio Ponte e do Ribeirão João Leite

A escassez de chuvas em Goiânia levou o governo do Estado a decretar situação de…

A escassez de chuvas em Goiânia levou o governo do Estado a decretar situação de emergência nas Bacias dos Rio Meia Ponte e Ribeirão João Leite por 290 dias. Nesta terça-feira (13), foi publicado no Diário Oficial do Estado um decreto que designa a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima) a definir restrições ou suspensões do abastecimento que esteja fora das normativas e utilização exclusiva para o abastecimento humano, como medida preventiva. Uma outra medida, é a construção de uma adutora que realizará a transposição do Sistema Mauro Borges à estação do Rio Meio Ponte.

Segundo o presidente da Secima, Hawskar Fagundes, a medida se fez necessária após a queda do volume pluviométrico nas regiões das bacias e do prognóstico de precipitação do volume de chuvas para o período de fevereiro a setembro de 2018 abaixo da normalidade. Essa situação se agravou nos últimos três anos e a chuva não ultrapassou os 1,5 mil milímetros. “Temos instalados pluviômetros em duas bacias, em Santo Antônio e Goiânia, onde é realizado as aferições e foi constatado no início desse ano que ela veio comportando com déficit de precipitação. Mesmo com essa chuva que vemos na cidade, ela não está atingindo os pontos principais”, explica.

Por isso, as outorgas que a pasta aprovaram passarão por intensas fiscalizações e algumas, se foram notadas algum tipo de irregularidade, serão suspensas. “Serão instalados no curso da bacia um aparelho que realizará medição das captações desses locais para verificar quem está agindo de forma correta ou quem está retirando do rio um volume maior do que o estabelecido”, conta Hawskar.

Essas fiscalizações ocorrem com o apoio do Batalhão Militar, Agrodefesa, Secima, Saneago e Corpo de Bombeiros. Além disso, o presidente destaca que outras medidas também serão realizadas. “Campanhas de conscientização do uso da água, reflorestamento e a criação do Dia do Rio, que servirá como descanso do manancial e nenhuma captação será autorizada, a não ser para o consumo humano”, relata.

Obras

De acordo com o presidente da Saneago, Jalles Fontoura, uma adutora de 13 quilômetros de extensão está sendo construída do Sistema Mauro Borges e irá até o Rio Meia Ponte. Cerca de R$ 28 milhões estão sendo gastos na obra que teve início em fevereiro e deve se estender até agosto de 2018. “Essa obra visa complementar a falta de vazão que possa vir a acontecer no Meia Ponte. Eu espero que ele [o rio] consiga produzir cerca de 2 milímetros por segundo de água, o que será suficiente para abastecer os bairros mais distantes”, aponta.

A empresa possui uma outorga que autoriza a retirada de 8 mil litros por segundo do Meia Ponte, mas devido a situação do rio, não está sendo totalmente explorada. O consumo da cidade de Goiânia é de 4,5 mil litros por segundo. Para atender a capital, cerca de 2 mil litros estão sendo captados da área próximo ao encontro dos dois rios, onde a vazão se encontra maior, e o restante é subtraído da vazão do Meia Ponte. “Dessa forma, suprimos  o abastecimento, não tem desgaste no rio e ninguém fica sem água”, garante.

A construção do linhão, sistema de tubulação que ligará o Sistema Mauro Borges até as regiões atendidas pelo Meia Ponte, está em licitação, segundo o presidente. Jalles aponta que a obra não consegue ser realizada de uma só vez. “Já possuímos o financiamento necessário. O plano todo se mantém, mas as obras serão feitas de forma gradativa e essas medidas foram tomadas para que os bairros nãos sejam prejudicados com a falta d’água nas regiões mais distantes e altas, como Aparecida de Goiânia.”

Jalles afirma que não faltará água, mesmo com as obras, e também não afetará o bolso dos consumidores. “O linhão será uma forma expandir o nosso abastecimento. As vantagens que esse decreto antecipado causa é a não necessidade de criação de bandeiras  de cobranças extras, como acontece na energia elétrica, e evita racionamento”, afirma.