Sob risco de fechamento, Santa Casa de Goiânia suspende atendimentos eletivos no dia 19
Paralisação tem intuito de alertar população sobre o risco de fechamento definitivo da unidade que atende 70% dos goiano usuários do SUS
A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia vai suspender os atendimentos eletivos na próxima terça-feira (19). A paralisação, de caráter nacional, tem objetivo de alertar a população sobre o risco de fechamento definitivo dos hospitais. Na capital goiana, unidade atende cerca de 70% da demanda do SUS.
De acordo com a superintendente-geral do hospital de Goiânia, Irani Ribeiro de Moura, repasses do poder público são insuficientes para manter o funcionamento da unidade. Segundo ela, a Santa Casa recebe do Sistema Único de Saúde (SUS) apenas R$ 10 para custear consultas médicas, o que não cobre os gastos de assistência prestada aos pacientes.
“Somos responsáveis por 70% do atendimento do SUS na capital e em contrapartida, a Santa Casa recebe do SUS R$ R$ 10,00 por uma consulta médica”, explica a Irani.
A paralisação, de acordo com ela, foi uma forma encontrada para mostrar à sociedade e ao poder público que as Santas Casas enfrentam uma das piores crises e que, se nada for feito, a suspensão da assistência poderá ser definitiva. “Tudo por total falta de condições de funcionamento dos hospitais”, completa Irani.
Preço dos medicamentos e repasse da SMS
O aumento no preço dos medicamentos também colaborou com a crise da Santa Casa. Segundo a superintende, medicamentos antes adquiridos por R$1,90, hoje são comercializados a R$245. Outro fator relevante, foram os atrasos nos repasses de pagamentos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) que demoram mais de 100 dias para transferir os valores.
“Para arcar com as contas mensais, o hospital realiza empréstimos, o que só aumenta o endividamento da unidade. E todos os casos cirúrgicos que chegam judicializados à Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia são encaminhados à Santa Casa, sendo que nem todos temos condições de atender”, ressalta a superintendente.
Manifestação em Brasília
Além da paralisação no dia 19, haverá uma manifestação em Brasília no dia 26 de abril com a intenção de alertar sobre a crise e os impactos da aprovação do PL 2564/20, que tramita na Câmara Federal e fixa os pisos salariais dos profissionais de enfermagem.
“É preciso rever a tabela do SUS e é preciso também mais investimento por parte dos Governos Federal, Estaduais e Municipais, afinal o SUS é um sistema tripartite e o fechamento dos hospitais filantrópicos provocaria um caos na saúde pública”, afirma Irani Ribeiro.
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