Sobe para 6 o número de vítimas de crimes sexuais praticados por pastor de Goiânia
Subiu para seis o número de mulheres que procuraram a Defensoria Pública (DPE-GO) para relatar…
Subiu para seis o número de mulheres que procuraram a Defensoria Pública (DPE-GO) para relatar que foram vítimas de crimes sexuais praticados supostamente pelo pastor Esney Martins da Costa. Novos relatos chegaram ao órgão na segunda-feira (2), após repercussão dos primeiros casos. O religioso atua na Igreja Evangélica Renascendo para Cristo, em Goiânia, e atualmente é alvo de dois inquéritos policiais que apuram os crimes relatados. À Polícia, ele negou os crimes.
As três novas vítimas foram ouvidas pela Defensoria Pública durante a tarde e noite de segunda (2). O órgão tem atuado no sentido de orientar as mulheres a como procederem diante dos crimes. A DPE deve avaliar os casos individualmente e levá-los ao conhecimento da Polícia Civil.
Ainda conforme o órgão, alguns dos casos foram praticados a poucos meses. Outros, no entanto, estão prescritos por serem antigos. O modus operandi é semelhante com todas as vítimas: o pastor se aproveitava da confiança e fragilidade emocional das vítimas para cometer os abusos.
Os primeiros indícios dos crimes ocorreram, geralmente, durante uma oração, momento em que Esney, segundo os relatos, descia a mão, de forma sutil, em direção aos seios das vítimas. Nos relatos, as vítimas informaram que buscavam a igreja para superar traumas (ausência paterna, abusos sexuais sofridos anteriormente ou términos de relacionamentos), mas acabavam sendo manipuladas e abusadas pelo líder religioso devido à condição de vulnerabilidade emocional.
Os crimes ocorreram por diversos anos, mas só foram denunciados no último mês. O caso ganhou repercussão após matéria veiculada pelo Fantástico, na noite de domingo (1º).
O Mais Goiás não conseguiu contato com a defesa do investigado. O espaço está aberto para manifestação.
“Ordem de Deus”
Segundo a Defensoria Pública de Goiás (DPE-GO), há indícios de estupro, importunação sexual, posse sexual mediante fraude, ameaça, lesão corporal, instigação ao suicídio, crimes de injúria e difamação.
Conforme as vítimas, Esney alegava que “Deus estava ordenando” que agisse daquela maneira para promover a cura. Quando não tinha as vontades e anseios atendidos, o pastor dizia que iria orar pela morte das vítimas e as famílias delas. Por medo e pela fé, as mulheres achavam que se não cedessem estariam contrariando a vontade de Deus e, inclusive, preferiam tirar a própria vida a denunciar o pastor.
Os abusos, conforme apontam os relatos, se iniciavam de maneira sutil, com apalpada para uma oração, por exemplo. Quando questionado sobre o comportamento, o pastor alegava que fazia parte da cura.
“Pelo que foi revelado no depoimento das vítimas, pudemos verificar que elas foram submetidas a um enorme constrangimento psicológico, físico e sexual. Os relatos evidenciam o uso da boa-fé dessas meninas, adolescentes, mulheres jovens, no intuito de satisfazer a sua lascívia, o seu desejo sexual. Além de mexer com tudo isso – a integridade física, a psíquica e sexual –, ele mexe com a fé dessas mulheres, de modo que elas acreditam que não cedendo às exigências dele elas estariam atentando contra o próprio Deus, o que seria uma coisa muito maior”, explica a defensora Gabriela Hamdan.