RIO DE JANEIRO

Sobrinha do ‘tio Paulo’ diz que não percebeu que ele estava morto no banco

Erika de Souza Vieira Nunes levou o tio em uma cadeira de rodas ao banco para sacar um empréstimo de R$ 17 mil. Ela ficou presa por 16 dias

A sobrinha de Paulo Roberto Braga, que morreu aos 68 anos e foi filmado sem vida em um banco do Rio de Janeiro, contou que não percebeu que ele estava morto. Erika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, levou o tio em uma cadeira de rodas ao banco para sacar um empréstimo de R$ 17 mil.

Em entrevista ao Fantástico no último domingo (5), Erika disse que, ao ser presa, viveu momentos que não suportava mais. Ela ficou detida por 16 dias.

“Foram dias horríveis longe da minha família. Vivi momentos da minha vida que não suportava mais. Muito difícil. Foi horrível eu não percebi que meu tio estava morto. […] Eu não sou essa pessoa que estão falando, não sou esse monstro”, disse Erika.

A sobrinha ainda informou que o tio pediu para sair de casa e ir ao banco e que ele estava bem no caminho. Sobre a sequência de acontecimentos dentro do banco, ela afirma “não conseguir lembrar de muita coisa” devido ao uso dos remédios controlados que toma com regularidade.

“A relação [com o tio] era ótima. Ele era independente, fazia o que queria. Ele tinha uma mente boa. Não era cadeirante e eu não era cuidadora dele”, informou a sobrinha.

Morto em banco

Um vídeo flagrou o momento em que Erika, que diz ser sobrinha do idoso, tentava fazê-lo assinar documento de empréstimo. Funcionários do Itaú chamaram a polícia após desconfiar que Paulo Roberto Braga estaria sem vida.

Erika de Souza Vieira Nunes foi presa em flagrante. A defesa da mulher afirma que o homem estava vivo quando chegou ao banco.

O episódio aconteceu em Bangu, na zona oeste do Rio, em uma agência do Itaú que fica dentro de um shopping.

O Itaú confirmou que o vídeo em que a mulher aparece com o idoso já morto para tentar sacar o empréstimo foi gravado em uma de suas agências.

Procurado, o banco afirmou, em nota, que acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) assim que identificou a situação. A equipe constatou que Paulo estava morto havia, pelo menos, duas horas.

Nesta semana, o Ministério Público denunciou Erika e afirmou que ela agiu de forma consciente, voluntária e demonstrou total desprezo e desrespeito por Paulo Roberto.

A juíza Luciana Mocco aceitou a denúncia do MP e Erika virou ré por tentativa de estelionato e vilipêndio de cadáver, que é o ato de menosprezar a pessoa morta.

A magistrada revogou a prisão preventiva, alegando que Erika é ré primária, tem residência fixa e que não representa risco para a ordem pública em liberdade. A juíza relatou também que Erika é tem a saúde mental debilitada e precisa cuidar da filha menor de idade que tem necessidades especiais.