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STJ mantém suspensão das investigações contra Padre Robson

Em decisão proferida na terça-feira (18), o desembargador Olindo Menezes julgou "sem previsão legal" o agravo do MP

Padre Robson fala em "desíginos de Deus" em retorno às redes sociais
Ontem (19), padre Robson compartilhou um texto no Instagram no qual fala da dificuldade de compreensão dos "desígnios de Deus" (Foto: Facebook - Padre Robson)

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou um recurso do Ministério Público e manteve a suspensão das investigações contra o Padre Robson Oliveira pelo suposto cometimento de crimes como lavagem de dinheiro e organização criminosa, apurados na Operação Vendilhões. Em decisão proferida na terça-feira (18), e que só agora veio a público, o desembargador Olindo Menezes julgou “sem previsão legal” o agravo do MP, reforçando a decisão do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO).

No documento, o desembargador destaca que o MP estabeleceu o inquérito contra o padre mesmo após o TJ-GO de Goiás ter trancado a ação penal, com o órgão tendo negado o prosseguimento da investigação em outras ocasiões.

O ministro Olindo Menezes considerou que o agravo interposto pelo Ministério Público, após o TJ-GO ter considerado prejudicado o recurso especial, foi “flagrantemente intempestivo”. Segundo argumenta o magistrado o órgão foi intimado da decisão que julgou prejudicado o recurso especial no dia 4 de janeiro de 2021, e apenas protocolizou o recurso de agravo em 25 de janeiro de 2021, ou seja, após o prazo de 15 dias.

Além disso, o Ministério Público também não comprovou no momento da interposição do recurso o período de recesso forense e suspensão das atividades do Tribunal estadual. “Esta Corte Superior entende que a intempestividade constitui vício insanável, e que a ocorrência de recesso forense ou suspensão local dos prazos recursais devem ser comprovadas no ato de interposição do recurso, não sendo possível a comprovação posterior”, diz o documento.

Defesa

O advogado do Padre Robson, Pedro Paulo de Medeiros, avalia que o STJ reconhece a inocência do religioso. O defensor diz que, com isso, se faz justiça à “honesta administração conduzida por padre Robson à frente da Associação Filhos do Pai Eterno”.

A defesa ainda diz que a decisão terminativa atende às alegações da defesa e mantém trancados o inquérito policial e a ação criminal, por considerar ilegais o prosseguimento das investigações contra o Padre Robson mesmo após decisão do TJ-GO.  “Essas provas não têm qualquer validade e não podem ser utilizadas para qualquer fim”, continua Pedro Paulo de Medeiros.

O que diz o Ministério Público

Em nota, o Ministério Público de Goiás afirmou “que não houve decisão do STJ sobre o trancamento da investigação promovido pelo Tribunal de Justiça de Goiás”. “O que ocorreu foi uma negativa de recurso, por questões processuais, de modo em que o MP formulará um agravo regimental para que o caso seja analisado pelo colegiado do STJ”, disse o órgão.

“Portanto, cumpre reforçar:
– Não há decisão de mérito do STJ sobre o trancamento da investigação originada da Operação Vendilhões.
– O MP recorrerá da decisão que negou a análise de seu Recurso Especial.”