Supermercados estão lotados, mas associação diz que não há desabastecimento
"No Brasil está garantido o arroz com feijão, abóbora, com pequi, com tudo”, diz presidente da associação; quem não tem condição de estocar teme por alta nos preços
Sabe aquele mercado pequeno perto de casa? Cheio. Antes sem filas, hoje os caixas estão todos ocupados e o cliente tem que esperar para passar os produtos. Uma caixa em um estabelecimento do setor Sudoeste informou que nunca tinha visto o local tão cheio, como na tarde de segunda-feira (16). Nesta terça-feira (17), o fluxo era menor, mas, ainda assim, muito acima do normal. A justificativa é o medo da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
A situação não é diferente nas grandes redes. As filas são longas e os carrinhos lotados (confira no vídeo enviado por um leitor do Mais Goiás, que mostra a situação em um supermercado no setor Parque Amazônia, em Goiânia). Porém, apesar da preocupação, a Associação Goiana de Supermercados (Agos) tranquiliza: “Supermercados do estado de Goiás não passam por problemas no abastecimento.”
Ainda assim, o goiano vai às compras. Na mira: produtos de higiene e alimentação. Álcool em gel? Esse já está difícil de achar.
Estoque
O gerente de uma grande rede supermercadista, que pediu para não ser identificado, informou que nos últimos dois dias, as compras de alimentos e produtos de limpeza em geral aumentaram muito. O estoque do álcool em gel, segundo ele, acabou.
Ele ainda apontou que tem observado média de compras de dois a três carrinhos por clientes que tem a intenção de estocar. Ainda de acordo com o gerente, comparando o dia 17 de março deste ano com o mesmo dia no ano passado houve aumento de 120% nas vendas.
Pelas filas, apesar do número incomum de carrinhos cheios, boa parte afirma não estar fazendo estoque. A resposta comum é que se trata de uma comprar normal. E aqueles que admitem, preferem não falar.
Samuel de Melo, empresário, não é um deles. Ele afirma que esteve no supermercado para fazer um estoque de alimentos e produtos de limpeza. A preocupação dele é com os dois filhos pequenos.
Segundo ele, a ideia é não ter que sair, novamente, ao longo do mês para fazer esse tipo de compra que, dentre outras coisas, envolve álcool em gel, desinfetantes, lenços umedecidos e mais.
Já a babá Francisca Sousa não tem a condição de fazer a estocagem. Porém, ela diz que gostaria de comprar, pelo menos, o básico, uma vez que teme o encarecimento dos produtos. “Minha preocupação é exatamente eu não ter o básico e quando for comprar, estar acima do preço”, tem este cenário.
Para ela, quem está estocando comida acaba por prejudicar a todos. “Quem estoca não consciência com aqueles que não tem como fazer o mesmo”, lamenta.
Agos
O temor em relação a falta de alimentos é real, mas a realidade talvez não seja. Segundo a Associação Goiana de Supermercados (Agos), os supermercados do estado de Goiás não passam por problemas no abastecimento, seja de produtos alimentícios ou de higiene.
“Deste modo as pessoas não precisam se aglomerarem nos supermercados”, alerta a associação. A Agos cita, ainda, que os supermercados terão o funcionamento normal, já que são considerados essenciais pelo governo federal.
O Mais Goiás conversou, também, com o presidente da Agos, Gilberto Soares, que tranquilizou: “Não existe razão para preocupação.” Segundo ele, neste momento, não consta nenhum registro de fornecedores desabastecidos. “O único fato isolado é o álcool em gel, mas por questões cambiais (dólar)”, explica. “Então, não há necessidade de estocar. Se as pessoas correrem, podem não encontrar o produto naquele dia por conta do exagero. Mas a reposição é rápida, porque tem no fornecedor.”
Gilberto lembra que os mercados são segmento essencial e que, além disso, “estamos no maior celeiro de produção de alimentos no mundo. No Brasil está garantido o arroz com feijão, abóbora, com pequi, com tudo”. Ele ainda afirma que a associação tem convocado todos os supermercadistas, associados ou não, para que realizem todas as prevenções de higienização. “Estamos aqui para colaborar.”
Por fim, questionado se há justificativa para aumentos dos preços dos produtos, ele diz não tem registros que culminem nessa alteração de valores. “Caso tenha, deverá ser à luz do Ministério Público, com o Procon-GO fiscalizando. Nós, do varejo, não temos registro disso”, resume.
Confira a nota na íntegra da Agos
“A Associação Goiana de Supermercados, comunica a população que os supermercados do estado de Goiás não passam por problemas no abastecimento, seja de produtos alimentícios ou de higiene. Deste modo as pessoas não precisam se aglomerarem nos supermercados. Vale lembrar também que os supermercados terão o funcionamento normal, uma vez que o segmento é considerado essencial pelo governo federal. Os supermercadistas e colaboradores estão cumprindo as normas dos órgãos de saúde a fim de evitar disseminação do coronavírus.”
In loco
O deputado Eduardo Prado (PV) também esteve em visitas à supermercados. Ele reforçou o que o presidente da Agos disse. “Se estocarem, pode momentaneamente faltar algum produto”, alertou e tranquilizou: “Os mercados não vão fechar.” Segundo ele, não há necessidade de alarde em relação a escassez. “O Brasil produz muito, mas se houver corrida, pode faltar”, reforçou sobre a falta momentânea a reposição.
Ele relatou que teve a informação que alguns alimentos tiveram preço exacerbado e isto já foi informado ao Procon-GO. “O órgão irá observar os preços da cesta básica, produtos de limpeza e itens de higiene.”
O Mais Goiás entrou em contato com a assessoria do Procon-GO para saber se o órgão já deu início a estas medidas relatadas pelo deputado. O espaço permanece aberto e a matéria poderá ser atualizada.