Suposta explosão de nuvem chama atenção de fazendeiros em Bom Jardim de Goiás
A queda de uma nuvem em formato de bola tem provocado curiosidade científica em fazendeiros…
A queda de uma nuvem em formato de bola tem provocado curiosidade científica em fazendeiros da região da Taboca, em Bom Jardim de Goiás, a 360 quilômetros de Goiânia. Por volta das 18h da última quinta-feira (13), o produtor rural Enivaldo Afonso, mais conhecido como Mozart, presenciou o mencionado fenômeno, que além das nuvens apresentava tarjas vermelhas, semelhantes a fogo. Segundo ele, minutos depois de tê-lo avistado, “a coisa” caiu sobre uma plantação de buritis, causando um “enorme estrondo”. O evento natural não foi registrado, mas com base nas características relatadas, especialista do Instituto Nacional de Meteorologia, em Brasília, Mamedes Luiz Melo, afirma que o caso pode se tratar da explosão de uma nuvem.
Depois do estouro, a região ainda foi alvo de uma tempestade de granizo, a qual deixou uma camada de gelo em um raio de 4km da sede da fazenda. Onde a nuvem explodiu, porém, a o gelo tinha uma profundidade de até 1,5m. O volume da chuva, com duração de 1h30, foi suficiente para estabelecer o curso de um pequeno córrego, que estava seco. Na mesma propriedade, a casa do pai de Mozart foi inundada.
Para Mamedes, tudo indica que foi uma microexplosão de um tipo de núvem conhecido como cumulonimbus, seguida de uma tempestade de granizo. “Não é um fenômeno raro, mas também não é tão frequente. Acontece mais nos Estados Unidos. A nuvem pode chegar a 12km de altura. Lá em cima é muito frio e se ela está carregada, as gotículas se condensam formando o granizo. Abaixo, porém, a temperatura não seja suficiente para congelar a água. O peso pode ter sido demais para a núvem, que cai de vez com o seu peso, provocando uma explosão, como se fosse uma bomba mesmo. Provoca muito estrago. O agricultor teve sorte, porque caiu próximo de sua casa”, explica.
O titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Bom Jardim, Lindomar Pereira, esteve na fazenda e afirma nunca ter visto nada parecido na região. “O Mozart relatou que viu o fenômeno e imediatamente ligou para a esposa, que estava na cidade, para saber se, de lá, ela também avistava a nuvem, foi quando ele viu tudo cair e ouviu um estrondo muito forte, semelhante a uma colisão entre carretas em alta velocidade. Não deu pra gravar ou tirar foto porque o celular dele é antigo. Mas estivemos lá e vimos a destruição resultante, além da quantidade incomum de gelo”. Veja o vídeo:
Com o início da chuva, o fazendeiro não conseguiu conferir o que tinha acontecido. Com o fim da tempestade, ele foi ao local e notou árvores arrancadas e quebradas. “Outro fazendeiro estima que os ventos naquele dia atingiram uma velocidade de 120km/h. Ainda não sabemos o que que pode ter acontecido, mas sem dúvidas foi algo incomum. Vamos atrás de um especialista no assunto para avaliar a situação e acabar com a curiosidade”.
Detalhes
O Mais Goiás tentou contato com Mozart pelo celular, mas as ligações não foram atendidas. No entanto, a filha dele, Vanessa Guedes, 26, falou com a redação e expôs um outro acontecimento decorrente da tempestade. “No sábado (15), meus pais encontraram dois bezerros mortos perto de uma represa que temos, a qual estava cheia de gelo. Ambos morreram congelados e atolados no gelo. Conseguiram remover um do local com ajuda de um trator e cabos de aço. O outro se afundou e ainda não foi detectado. Sem dúvidas, este foi um evento muito incomum.
A ela, Mozart revelou ter ficado com medo. “Me disse que entrou em choque. Entrou na casa e ficou em um cantinho esperando a chuva passar. No momento do estouro, viu um clarão e ouviu um barulho forte, mas tava ventando e caindo muita água e ele não conseguiu saber o que acontecia. Ficou com medo, estava sozinho. Depois da tempestade, ele saiu e viu que a antena parabólica, pés de buritis e partes do telhado tinham sido arrancados. Foi um susto, nunca nem tínhamos ouvido falar de uma coisa dessas aqui na região”.