Suposta obra irregular pode causar destruição de casa vizinha na Vila Redenção
Uma construção supostamente irregular tem tirado o sossego de uma família moradora da Vila Redenção,…
Uma construção supostamente irregular tem tirado o sossego de uma família moradora da Vila Redenção, em Goiânia. Desde as 7h desta segunda-feira (30), três caminhões, de modelo caçamba, se revezam com uma pá carregadeira, na demolição e retirada de entulho da edificação. Em razão do serviço, uma das casas que fazem divisa com a obra passou a apresentar rachaduras e quem mora lá teme que a estrutura seja danificada.
“Nós vivemos aqui há 40 anos. Minha mãe, no ano passado, sofreu um AVC e tem apresentado alterações depois dessa construção. A casa está toda rachada, estamos com medo de que o teto caia sobre nossas cabeças”, afirma a contadora Rosana Rodrigues Cardoso, de 55 anos. Ela mora com a mãe, de 86 anos e revela que mesmo tentando conversar com o vizinho proprietário, não chegou a um acordo.
Segundo Rosana, não há, na porta da obra, situada à Rua R-7 da Vila Redenção, nenhuma placa que indique número de autorização junto a nenhum órgão público. Além disso, não há informação visível de que algum engenheiro seja responsável pela obra, como estabelecem leis das esferas municipal e estadual.
Por telefone, o responsável pela empresa contratada para fazer a demolição e limpeza da área, Trajano Volpato do Couto, informou que o contrato de prestação de serviço não exige autorização de órgãos fiscalizadores. Ainda segundo ele, o serviço é fiscalizado pelo próprio dono do imóvel, Francisco Carlito Bonfim, “que está todo dia no local”.
Rosana acrescenta que lá haviam duas salas comerciais e uma casa, aos fundos. “Desde quinta-feira são feitas obras, retirando janelas e portais, mas hoje de manhã, desde 7 horas três caminhões e uma patrola chegaram para fazer o serviço mais pesado. Só que danificaram todo o muro aqui de casa e agora tem rachaduras por todo o imóvel”, revela Rosana.
Por telefone, Francisco Carlito Bonfim, proprietário do imóvel, disse que “a obra tem autorização do município, e inclusive tem um engenheiro contratado.” A reportagem entrou em contato também com o engenheiro apontado como responsável. Ele se identificou como José Dias da Silva, e, apesar de ter se negado a informar o próprio número de registro, contestou a informação do contratante.
“Ainda não tem a autorização, mas entramos com recurso para que ela seja aprovada o quanto antes. Demolição não é construção e não precisa de nenhuma autorização para demolir. Nenhum estudo de impacto de vizinhança deve ser pedido, já que a área é pequena, de 180 metros quadrados. Para o caso de ter alguma reclamação da vizinhança, pode contratar um engenheiro que apresente laudo com os problemas causados e procurar os órgãos competentes” contesta o engenheiro.
A Assessoria de Comunicação da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) de Goiânia informou que não há nenhuma demanda de pedido de regularização, ou pedido de levantamento de impacto, para autorização da obra. Uma equipe de fiscalização deve ser encaminhada nas próximas horas ao local.
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de Goiás (Crea), com base no endereço completo da obra, informou ao Mais Goiás que não foi localizado nenhum registro. A fiscalização do Conselho vai amanhã (31/07) ao local verificar se há a participação de um profissional (engenheiro) legalmente habilitado.