Suspeito de matar assassino de Cadu é identificado, diz delegado
Segundo delegado à frente das investigações, o crime foi uma execução. Nilson Ferreira assassinou Carlos Eduardo que, por sua vez, matou o cartunista Glauco e o filho dele, em 2010
O suspeito de matar Nilson Ferreira de Almeida, de 51 anos, foi identificado. É o que afirma o delegado à frente das investigações, Álvaro Bueno, ao Mais Goiás. Segundo o delegado, a corporação busca o paradeiro dele. Para não atrapalhar as investigações, o nome do suspeito não foi divulgado. Nilson ganhou notoriedade por matar Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, de 30 anos, conhecido como Cadu. O rapaz, por sua vez, confessou ter assassinado o cartunista Glauco Vilas Boas e seu filho, Raoni Vilas Boas, num sítio em Osasco (SP), em 2010.
Álvaro conta que o crime foi uma execução e nenhuma linha de investigação sobre a motivação é descartada. “Ele possui uma extensa ficha criminal por diversos crimes como tentativa de homicídios, roubos. Ele já era condenado por alguns desses crimes. Somados, a pena passava de 60 anos de prisão. Porém, ele foi beneficiado com a progressão de regime desde março deste ano”, pontua.
O delegado também destaca que Nilson passou diversas vezes pelo Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia e ele pode ter tido alguma desavença com algum detento ou facção criminosa. O homem foi morto na tarde da última segunda-feira (22), na Avenida Montenegro, no Jardim Cristal, naquele município. Um vídeo obtido pelo Mais Goiás mostra o momento em que Nilson caiu ao chão após ser baleado. O filho dele, de 24 anos, corre e, ao perceber que o pai não o acompanhava, volta e pede por socorro. O assassino fugiu.
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Entenda a história
Nilson, também ficou conhecido como “gêmeo da Vila Santa Helena” por praticar diversos crimes com a ajuda do irmão nos anos 90. Ele ganhou mais destaque na mídia depois que matou Cadu dentro do Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia, em 2014.
À época, a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás (SSPAP) confirmou que a morte do assassino do cartunista foi durante o banho de sol. E a arma foi uma faca artesanal. Nilson, por sua vez, disse que apenas se defendeu de um confronto com o detento.
Em 2010, Cadu confessou ter matado o cartunista Glauco e o filho dele, no dia 12 de março, no sítio onde a vítima morava, em Osasco (SP). Ele invadiu a propriedade e atirou contra as vítimas. O rapaz frequentava a Igreja Céu de Maria, fundada por Glauco, que segue a doutrina religiosa do Santo Daime. No dia do crime, ele estaria sob efeito de maconha e haxixe.
Apesar de ter confessado matar o cartunista Glauco e o filho dele, Cadu não chegou a ser julgado porque a Justiça o considerou inimputável, ou seja, incapaz de perceber a gravidade de seus atos, ao ser diagnosticado com esquizofrenia. A doença mental não tem cura, mas tem controle, desde que seja tratada.
Mas como Cadu veio parar em Goiás?
Cadu foi preso após tentar furar um bloqueio da Ponte da Amizade, na fronteira entre Brasil e Paraguai. Ele também foi acusado por três tentativas de homicídios contra agentes federais, roubo, porte de arma com numeração raspada e tortura. Ele ficou detido no Complexo Médico-Penal do Paraná e foi transferido para Goiânia, onde ficou internado em uma clínica psiquiátrica.
Em agosto de 2013 a juíza Telma Aparecida Alves, da 4ª Vara de Execuções Penais, decidiu conceder a liberdade a Cadu após afirmar que era “leiga” no assunto. Na sentença, a magistrada destacou que “o reeducando não apresenta quaisquer sintomas condizentes com sua continuidade em tratamento hospitalar de internação” e que “do ponto de vista médico clínico não há impeditivos para um tratamento em nível ambulatorial.”
Depois de entrar em liberdade, Cadu foi preso novamente pelo latrocínio cometido contra o estudante Matheus Pinheiro de Morais e o agente penitenciário Marcos Vinicíus Lemes d’Abadia. Consta nas denúncias ofertadas pelo promotor de Justiça Fernando Braga Viggiano que, nos dois crimes, o intuito de Cadu era roubar os carros das vítimas.
Marcos Vinicius chegou a lutar com o assassino, quando foi atingido pelo disparo. Ele morreu depois de ficar 53 dias internados no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Mateus não esboçou nenhuma reação quando foi abordado por Cadu, no momento em que chegava no prédio que a namorada morava. Quando abriu a porta para sair do veículo, ele foi atingido pelo disparo. Mateus chegou a correr em direção do prédio, mas morreu, minutos depois, na portaria.
O promotor solicitou novos laudos sobre a saúde mental de Cadu e a conclusão foi de que ele estava imputável. Ou seja: tinha total consciência dos atos. A conclusão foi dada pela Junta Médica do Tribunal de Justiça de Goiás, pelos psiquiatras Leandro de Carvalho Araújo e Ítalo Rocha da Silva Araújo. Além dos psicólogas Melissa Pereira David Sousa, Kênia Camilo e Orion Tadeu de Amorim.
Para tentar enganar os juízes e simular nova imputabilidade dos crimes, Cadu, durante os julgamentos, chegou a dizer frases sem nexo como “eu morei com o Gasparzinho”, “meu pai é o Cebolinha” e “foi Chico Xavier quem escreveu uma carta em meu nome”. O réu quase não respondeu às perguntas feitas pelos promotores e, irônico, chegou a dizer: “Me condenem a 30 anos, porque dez é pouco.”
Pelos crimes em solo goiano, o rapaz foi condenado a 61 anos e seis de meses de prisão. A decisão foi dada pela juíza Bianca Melo Cintra, da 5ª Vara Criminal de Goiânia.