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Suspeito de matar idosa dentro do Hugo disse a vigilante que ia ao banheiro

Os dois homens foram indiciados por matar a idosa Neuza Cândia, dentro da enfermaria do hospital, em Goiânia

Suspeito de matar idosa dentro do Hugo disse a vigilante que ia ao banheiro (Foto: Reprodução - PC)

A Polícia Civil indiciou Ronaldo do Nascimento e um vigilante, que não teve a identidade revelada, pela morte da idosa Neuza Cândida, de 75 anos, dentro do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), no último dia 7 de abril. De acordo com o delegado Rhaniel Almeida, responsável pela apuração dos fatos, Ronaldo conseguiu ter acesso ao quarto da vítima depois que pediu ao vigilante ‘para ir ao banheiro’. Ronaldo negou que tivesse a intenção de matar a idosa e que ‘tentava limpar a traqueostomia da mulher’, quando, sem intenção, o dedo tapou o equipamento e Neuza morreu.

Câmeras de monitoramento interno do Hugo registraram a movimentação no dia em que o crime aconteceu. Nas gravações, é possível ver o vigilante em pé, mexendo no celular, ao lado de uma das portas que dá acesso à enfermaria. Em determinado momento do vídeo, Ronaldo aparece e olha para o vigilante, que acena com a cabeça, como se estivesse confirmando alguma ação. Em sequência, Ronaldo caminha sem qualquer interrupção pela sala.

Uma outra câmera mostra quando Ronaldo caminha pelo corredor da enfermaria. Ele para no meio do caminho e olha um dos quartos, depois continua andando até o outro, onde está a idosa. Sem qualquer intervenção, Ronaldo entra no quarto e mexe em aparelhos. Em seguida, sai e continua vagando pelo corredor.

Vale ressaltar que, próximo ao fim do corredor onde Ronaldo caminha, há um filtro de água, mas o homem não faz nenhum movimento que indique ser esse seu objetivo ali.

“O vigilante estava mexendo em um telefone. Ele alega que era autorizado a usar celular durante expediente para dar baixa nas altas dos pacientes. Ele também disse que Ronaldo pediu pra ir ao banheiro, e que a direção autorizava a entrada de pessoas pra irem ao banheiro e ao bebedouro”, informou o delegado ao Mais Goiás.

O Hugo explicou que o vigilante prestava serviço ao hospital através de uma empresa terceirizada. A administração do hospital também negou à polícia que autorizava os vigilantes a mexerem no celular para darem baixas dos pacientes. Aleḿ disso, enfatizou que não autorizava pessoas pra irem ao banheiro e bebedouro.

Um laudo pericial constatou que a mulher não sofreu asfixia, nem lesão externa.

Preso por matar idosa asfixiada no Hugo não consegue explicar o que aconteceu, diz delegado (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)
Preso por matar idosa asfixiada no Hugo não consegue explicar o que aconteceu, diz delegado (Foto: Jucimar de Sousa – Mais Goiás)

Suspeito matar idosa dentro do Hugo foi indiciado por homicídio qualificado

De acordo com os autos, o suspeito narrou a uma testemunha que ouviu a voz de Neuza pedindo por ajuda. Ele alega que entrou no quarto e foi tentar ajudá-la ao limpar sua traqueostomia. Ele detalhou ainda que a idosa teria mexido a boca como se recusasse a ajuda. Mesmo assim, Ronaldo diz que tentou limpar a boca da vítima, mas acabou tapando o buraco da traqueostomia com um dedo. Na versão do suspeito, por conta disso, a idosa parou de respirar e morreu no local.

A Polícia Civil concluiu que Ronaldo do Nascimento não tinha intenção de matar e nem conhecia a idosa. No entanto, assumiu o risco de matá-la, já que não possuía conhecimento técnico e a idosa estava em estado debilitado. Assim, ele foi indiciado por homicídio qualificado.

Segundo o delegado Rhaniel Almeida, o suspeito, que continua preso, disse frases desconexas durante depoimento. Inclusive, o inquérito policial sugere que a Justiça realize exame para avaliar possível insanidade mental de Ronaldo. Durante as investigações, os policiais encontraram indícios de que ele tenha alguma doença psiquiátrica.

Neuza Cândida, de 75 anos, morreu dentro do Hugo, em Goiânia (Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal)
Neuza Cândida, de 75 anos, morreu dentro do Hugo, em Goiânia (Foto: Reprodução – Arquivo Pessoal)

E o vigilante?

No caso do vigilante, a polícia concluiu que ele teria deixado de observar os protocolos básicos de segurança e deixado Ronaldo entrar em área restrita da unidade de saúde. Com isso, ele facilitou a morte da idosa dentro do Hugo.

Entretanto, como o vigilante não agiu com intenção, ele foi indiciado por homicídio culposo. “Haviam outros vigilantes, mas no local em que houve falha, era de responsabilidade desse vigilante especificamente. Ele foi indiciado por homicídio culposo, em que a pena é menor. Mesmo que ele seja denunciado, deve responder em liberdade”, explicou o delegado.