Suspeito de tentar matar travesti em Nerópolis poderá responder pelo crime em liberdade
Suspeito ofereceu uma carona à travesti e depois a atacou com 13 disparos de arma de fogo e agressões
A Justiça de Goiás permitiu que o empresário J.G.F, de 36 anos, responda em liberdade pelo crime de tentar matar uma travesti, na cidade de Nerópolis. O crime aconteceu na madrugada de segunda-feira (18), depois que o suspeito, a vítima e uma amiga dela saíram de uma festa em Nova Veneza. O suspeito ofereceu uma carona às vítimas, mas, logo depois, teria atacado-as e efetuado mais de 10 disparos de arma de fogo, por um suposto furto de corrente.
Conforme o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), o suspeito terá que pagar uma fiança no valor equivalente a 100 salários mínimos, ou seja, cerca de R$ 120 mil. O valor foi estipulado levou em consideração a fortuna do empresário. No momento em que foi detido, ele dirigia um Corolla avaliado em mais de R$ 150 mil, além de portar uma pistola Glock, que custa cerca de R$ 12 mil.
A decisão foi tomada nesta terça-feira (19), pelo juiz Camilo Schubert Lima. O magistrado argumentou que colocar o homem em liberdade “não acarreta grave risco à ordem pública”.
Ainda de acordo com a decisão, o suspeito terá que andar com uma tornozeleira eletrônica e não poderá frequentar bares. Ele também está proibido de manter contato e/ou se aproximar das vítimas, bem como não pode sair de casa após às 19 horas.
De acordo com o TJ-GO, o mandado de soltura já foi expedido e tanto o suspeito, como o advogado de defesa dele, estão cientes de que ele pode responder em liberdade. Entretanto, o pagameto da fiança ainda não foi realizado e ele segue detido.
O Mais Goiás não conseguiu contactar a defesa do empresário para saber se ele irá pagar a fiança.
Relembre o caso do suspeito de tentar matar travesti em Nerópolis
A ocorrência foi atendida pela Polícia Militar (PM), que contou ao portal que o empresário ofereceu carona para a travesti e uma outra mulher, na saída de uma festa em Nova Veneza. O suspeito teria combinado que deixaria as duas na cidade Nerópolis, porém, não parou no local combinado e continuou seguindo para Goiânia.
Em um determinado momento, o empresário estacionou em frente a um motel e confrontou as passageiras, dizendo que elas tinham roubado uma corrente de ouro, que estava no bolso dele. A vítima relatou aos policiais que ele apontou uma arma para a mulher, que estava no banco da frente. Com isso, ambas desceram correndo do veículo.
Não obstante, o suspeito atirou 13 vezes em direção a travesti, que tentou pedir ajuda na porta do motel, porém foi alcançada pelo homem. A travesti relata que o empresário a agarrou pelo cabelo e bateu sua cabeça várias vezes contra a parede.
Quando a PM chegou no local, o homem ainda estava com a arma na mão e perseguia a mulher. Ele foi preso em flagrante e pode responder pelos crimes de tentativa de homicídio, injúria racial e porte ilegal de armas.
Depois de detido, a PM detalha que o homem continuou ameaçando a vítima e afirmou que “travestis deveriam ser mortas”.
Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo
Apesar da transfobia ser crime no Brasil desde 2019, o país é o que mais mata pessoas trans e travestis em todo o mundo há 13 anos. A informação é de um relatório de 2021, feito pela Transgender Europe (TGEU), que monitora dados globalmente levantados por instituições trans e LGBTQIA+.
O número de assassinatos de mulheres trans e travestis é o maior desde 2008 — ano em que o dado começou a ser registrado. No ano passado, 70% de todos os assassinatos registrados aconteceram na América do Sul e Central, sendo 33% no Brasil, seguido pelo México, com 65 mortes, e pelos Estados Unidos, com 53.