PAZ APENAS NA MORTE

Suspeito é preso após esposa denunciar espancamento em leito de morte em Rio Verde

A dificuldade da vítima de denunciar as agressões estavam no medo do homem

Suspeito é preso após mulher denunciar espancamento em leito de morte em Rio Verde (Foto ilustrativa: Reprodução - FreePik)

Pouco antes de morrer, Hangra Barbosa Alves de Lima denunciou o companheiro por espancá-la, em Rio Verde. Dias depois da denúncia, a Polícia Civil prendeu o suspeito no Setor Vila Borges, no mesmo município, no início da noite de quarta-feira (1º). A mãe de Hangra confirmou a denúncia da filha.

A mulher deu entrada no hospital na noite de terça-feira (30), levada por familiares. De início, ela alegou que havia sido atropelada em um acidente de trânsito. No entanto, durante o atendimento médico constatou-se que se tratava de um caso de violência doméstica. Segundo a polícia, haviam diversas lesões na vítima que eram compatíveis com espancamento e não com um acidente de trânsito.

Apesar dos médicos já desconfiarem das agressões, Hangra apenas admitiu que era espancada pelo marido na madrugada de quarta-feira (1º). A polícia afirma que o relato da mulher aconteceu no leito de morte, depois de ela ter sido entubada por ter tido uma piora.

Aos médicos, Hangra disse que o marido a agrediu de forma contínua no dia anterior. Não se sabe o motivo das agressões. A partir disso, os policiais civis entraram no caso e começaram a investigar a denúncia. No entanto, Hangra não resistiu e morreu.

Após a morte da mulher, a polícia afirma que intensificou as buscas pelo marido dela. Segundo a corporação, desde depois da agressão ele estava desaparecido.

Mãe de vítima de espancamento falou com a polícia sobre o caso

À polícia, a mãe de Hangra reforçou as denúncias da filha. Segundo a mulher, os episodios de violência começaram depois que o marido de Hangra passou a morar com ela. A mãe da vítima conta que a filha era espancada diariamente, assim como as filhas dela, todas crianças.

A dificuldade da vítima de denunciar as agressões estavam no medo do homem. Isso porque, ele não apenas as agredia, como também as coagia a não denunciá-lo. Uma das ameaças citadas pela genitora era a de matar as crianças.

A mãe de Hangra conversou com psicólogos da unidade médica onde a filha estava internada. Ela diz que nunca havia denunciado as agressões do genro a pedido da vítima. A filha tinha muito medo do homem e implorava para que ela não contasse.

As agressões cometidas na crianças eram justificadas como uma forma puni-las por comportamentos errados.

Prisão

A prisão do homem aconteceu pouco depois da morte de Hangra. De acordo com a polícia, ele estava Setor Vila Borges.

À reportagem, a corporação não informou se o homem admitiu o crime. Além disso, não explicaram com quem as crianças ficaram depois que a mãe delas morreu.

O Mais Goiás não localizou a defesa do homem.

Este não é um caso isolado: saiba como denunciar

Esse não é um caso isolado de violência contra a mulher. De janeiro à setembro deste ano quase 8 mil mulheres foram vítimas de lesão corporal em Goiás. Além disso, 12.205 sofreram ameaça, outras 35 morreram por feminicídio. Os dados são do observatório da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP).

Dados do Governo Federal de 2019 revelaram também que 74% dos casos de denuncia ao Ligue 180 registraram casos de mulheres agredidas pelos maridos ou ex-companheiros. Outro ponto de alerta é que 55% das denúncias eram de mulheres negras.

O Ligue 180 presta uma escuta e acolhida às mulheres em situação de violência. O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.

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