Técnico em informática morre em Goiânia à espera de vaga de UTI
Luiz Felipe Figueredo da Silva é a quarta pessoa que morre nas mesmas condições; prefeito eleito se reuniu com equipe de transição para tratar da falta de vagas, no domingo
O técnico em informática Luiz Felipe Figueredo da Silva, de 30 anos, morreu no sábado (23) enquanto esperava uma vaga de UTI na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Novo Mundo, em Goiânia. Na última semana, outras três famílias denunciaram que perderam entes queridos na mesma situação.
Em relação a Luiz, a esposa dele, Lavínia Celice da Silva, 27, disse ao O Popular que ele aguardava a vaga desde quarta-feira (20). Ela narrou que, no dia 18, o marido foi levado à UPA depois de ter uma série de crises convulsivas, em casa.
Na UPA, ele recebeu medicação. Como não teve o quadro estabilizado, foi levado para o Hospital de Urgências de Goiás (Hugo) para exames de imagem. Após uma tomografia, as doses dos medicamentos foram trocadas e Luiz retornou à Unidade de Pronto Atendimento do Jardim Novo Mundo para aguardar uma vaga de internação.
A esposa do técnico relatou que ele estava consciente e estável, mas depois de algumas horas teve novas convulsões. Era terça-feira (19). Ele recebeu mais medicamentos e dormiu, passando a ser avaliado por um médico plantonista. Durante a noite, ele foi intubado e a vaga na UTI foi solicitada na quarta-feira. Foi quando o estado de saúde se agravou.
“Acabou que ele pegou uma infecção, estavam tratando com antibiótico. Não sabia onde estava, só que estava com uma infecção, isso na quinta (21). Na sexta-feira (22) de manhã, o médico que estava de plantão falou que a infecção estava diminuindo, ‘então vamos continuar o tratamento antibiótico'”, narrou ao jornal. Ela disse que, ainda na sexta, foi em casa, mas pagou uma cuidadora para o marido. Em determinado momento, a mulher avisou que o médico esteve no quarto e informou que as funções hepática e renal estavam comprometidas.
Ela, então, tentou conseguir uma vaga na UTI por meio da Defensoria Pública, mas recebeu uma negativa da Justiça. No sábado, Luiz sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu.
O Mais Goiás procurou a secretaria municipal de Saúde (SMS), que informou que “a causa do óbito será investigada pelo Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) do município”. Disse, ainda, que, “conforme prontuário médico, ele apresentava quadro de meningite, mas somente o laudo final poderá confirmar o que levou o paciente a óbito”. Ele aguardava vaga no Hospital de Doenças Tropicais, disse a pasta.
Da mesma forma, o portal procurou o Hugo para se manifestar sobre o caso. Não houve resposta.
Crise
O prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), se reuniu na manhã de domingo (24) com sua equipe de transição e o secretário de Saúde de Goiás, Rasível Santos, para tratar da grave crise de falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na capital. O político conversou com o governador Ronaldo Caiado para buscar soluções conjuntas.
“Falamos com vários hospitais para que possamos contratar os leitos que estão faltando. O Governo Estadual vai entrar junto, e segunda-feira às 14h teremos uma reunião para definir os fornecedores e iniciar esse trabalho. Não podemos deixar gente morrer em Goiânia por falta de UTI”, afirmou Mabel após a reunião de domingo.
De acordo com o painel da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), dos 197 leitos de UTI disponíveis na rede pública, 169 estavam ocupados até a manhã daquele dia, restando apenas 28 vagas. Situação crítica foi registrada no Hospital Ruy Azeredo, com todos os 35 leitos ocupados, e no Hospital Jacob Facuri, que conta com 30 leitos neonatais, também indisponíveis.
Nesta segunda (25), Mabel anunciou a liberação de mais 20 leitos de UTIs para os próximos dez dias, após reunião de emergência.