“Temos esperança que essa situação vai se reverter”, destaca reitor da UFG após encontro com deputados federais
Encontro realizado na manhã desta segunda-feira (20) teve como objetivo apresentar os malefícios e buscar soluções diante o contingenciamento anunciado pelo governo federal
Esperança. Esse é o sentimento descrito pelo reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira, após o encontro que teve com alguns deputados federais da bancada goiana na manhã desta segunda-feira (20). A ocasião também contou com os reitores do Instituto Federal de Goiás (IFG), Jerônimo Rodrigues, e do Instituto Federal Goiano (IFGoiano), Vicente Pereira.
Madureira contou que foi apresentado números de alunos, serviços prestados e pesquisas realizadas pela instituição federal. Isso tudo pode estar com os dias contatos, pois o reitor alegou que, com o contingenciamento de verbas anunciados pelo Governo Federal, as unidades de ensinos federais terão que fechar as portas no segundo semestre.
Ele aponta que, entre os deputados que estiveram presentes, todos mostraram sensibilidade diante à situação. “Eles escutaram e de forma uníssona se colocaram contra esses cortes e prometeram uma frente parlamentar que visa a valorização das universidades, pois compreendem o que está em jogo. Temos esperanças que essa situação vai se reverter”, conta.
Madureira aponta que, atualmente, a UFG conta com 31 mil alunos de graduação, aproximadamente 4,5 mil em pós-graduação e 5,7 mil estudantes em especialização nas diferentes áreas de cursos da instituição. Com o corte, o total de dinheiro que deixa de entrar nos cofres das universidades é de R$ 32 milhões.
O reitor também destaca que a universidade ultrapassa as barreiras educacionais e também impacta na sociedade como um todo, principalmente com os trabalhos científicos. “Somente no ano passado foram publicados mais de 3,5 mil artigos científico. Destes, cerca de 1,7 mil foram em revistas de relevância internacional. Sem contar a enormidade de trabalhos, projetos de extensão com empresas e até mesmo com o próprio governo. Isso tudo está ameaçado”, pontua.
A deputada federal Flávia Morais (PTD), líder da bancada goiana na Câmara dos Deputados, pontuou que buscará um empenho junto aos ministros para tentar sensibilizá-los sobre o ensino superior público. “Estamos em união da bancada, independentemente de qualquer diferença política, mas iremos trabalhar todo um diálogo com eles pois o que é feito dentro das universidades com tanta dificuldade é de extrema importância para a sociedade. Não se pode tirar dinheiro de áreas primordiais como saúde, segurança e educação. Precisamos procurar outras saídas”, destaca.
Distorções de Conceitos
Madureira destaca que a atual realidade na educação superior passou a ser vista como algo nocivo à sociedade. “Algumas pessoas pontuam que a universidade é lugar de baderna. O particular sempre tenta generalizar. Aqui é um espaço de concepções ideológicas e que cada um cria a sua própria política. Um ambiente plural e sempre foi assim”, conta.
O reitor ainda conta que grandes nomes em diferentes áreas passaram por uma instituição federal e conviveram muito bem com isso. “A universidade é um local sério e funciona sete dias por semana, 24 horas por dia. É um espaço onde diversas atividades benéficas são praticadas e que trazem um desenvolvimento para o país”, ressalta.
Diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Goiás, Thais Falone, sintetiza que a universidade pública vai muito além da questão de educação. Ela aponta que não enxerga isso como contingenciamento e sim como corte. Além de, segundo ela, ser manobra do governo para conseguir a aprovação da Reforma da Previdência. Nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou, em seu Twitter, que apresentará um projeto de reforma tributária após a aprovação para a nova Previdência.
“Educação é investimento! Se esse corte acontecer veremos uma sucateamento ainda maior as unidades já existentes. Não somos ‘idiotas úteis’ como o presidente nos colocou e notamos que isso é uma das formas de nos atingir [UNE] já que as primeiras universidades em que foram anunciadas os cortes – UFBA, UFF e UNB – são instituições em que ocorrem os maiores os nosso maiores eventos”, afirma.
Thaís aponta que as manifestações do último dia 15 serviram para mostrar que o país está unido pela educação e que um novo protesto está agendado para o próximo dia 30 de maio. “Famílias sonham que seus filhos entrem em uma universidade federal. Isso é indiferente da ideologia política. Nos protestos vimos gentes de direita, esquerda e centro porquê todos querem o bem da educação. Sem ela não seremos nada”, finaliza.