Tenente-coronel da PM é preso suspeito de invadir propriedade rural em Abadiânia (GO)
O tenente-coronel João Carlos de Oliveira, da Polícia Militar de Goiás, foi preso preventivamente no…
O tenente-coronel João Carlos de Oliveira, da Polícia Militar de Goiás, foi preso preventivamente no início deste mês, suspeito de comandar um grupo que no ano passado invadiu uma propriedade rural em Abadiânia, cidade distante 90 quilômetros de Goiânia. Em pouco mais de cinco meses, segundo denúncia apurou a Polícia Civil, o tenente-coronel, junto com outras 13 pessoas, arrendou parte da propriedade para pasto, vendeu madeira de eucalipto que estava em uma área de preservação ambiental, e tentou transferir a fazenda com documentos falsos.
Localizada às margens do Rio Corumbá, a propriedade, que tem 87 alqueires, e está avaliada em mais de R$ 20 milhões, foi adquirida no início do ano passado por um espanhol, que tem 43 anos. Em setembro de 2021, o oficial da PM, que estava armado, e se apresentou como policial, foi até o local acompanhado por outras pessoas que diziam serem advogados, e por um homem que alegava ser oficial de justiça, e, sob ameaça, afirmaram para o caseiro que ele deveria deixar imediatamente aquele local, já que a área pertenceria a uma outra pessoa.
Em seguida, ainda conforme as investigações, o tenente-coronel passou a morar no local, apresentou-se para vizinhos como sendo o novo proprietário, colocou uma placa na entrada da propriedade com o nome dele, e arrendou, por três mil, um pasto para a criação de 150 cabeças de gado. O policial também foi denunciado pelo Ministério Público por ter vendido, por R$ 65 mil, 30 hectares de madeira de eucalipto. Segundo o escritório de advocacia que defende o verdadeiro dono da propriedade, um espanhol, o eucalipto jamais poderia ter sido cortado, uma vez que estava em uma área de preservação ambiental.
Grupo usou documentos falsos de cartório do Maranhão para tentar transferir a fazenda
A denúncia já feita pelo Ministério Público contra o oficial mostra também que ele e as outras 13 pessoas indiciadas também tentaram transferir a propriedade com documentos falsos, que tinham a chancela de um cartório do Maranhão. A fraude, porém, foi descoberta na Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg), que, então, cancelou todas as assinaturas.
No último dia nove de maio, o espanhol que é o verdadeiro finalmente conseguiu registrar no cartório a certidão que prova ser ele é o único dono da fazenda. O tenente coronel, que term 49 anos, e quando preso era o comandante regional da PM em Posse, cidade que fica na região nordeste de Goiás, foi indiciado por invasão, ameaça, furto, falsificação de documentos, e associação criminosa.
Na semana passada, o inquérito foi concluído, e remetido ao Poder Judiciário. Como o nome do oficial da PM não foi divulgado, a reportagem do Mais Goiás não conseguiu contato com a defesa dele. Responsável pelas investigações, o delegado de Abadiânia, Rosivaldo Linhares Rosa disse que não poderia se pronunciar sobre o caso, já que o inquérito, segundo ele, corre em segredo de justiça.
À TV Anhanguera, a defesa do coronel João Carlos de Oliveira disse que o PM é vítima de ações jurídicas improcedentes. A defesa também entrou com um pedido de habeas corpus, que ainda vai ser julgado.
Procurada por telefone pela reportagem do Mais Goiás para comentar sobre a prisão do oficial, a assessoria de imprensa da Polícia Militar pediu que a solicitação fosse feita via e-mail, e, apesar de termos enviado o pedido na manhã de quinta-feira (23), até a publicação desta reportagem ainda não obtivemos nenhuma resposta.