Testemunhas do caso do jovem morto pelo próprio pai serão ouvidas ainda nesta semana
Segundo o delegado Francisco Júnior, serão ouvidos parentes da vítima e pessoas que presenciaram o crime
Testemunhas referentes ao caso do jovem assassinado pelo próprio pai em Goiânia, nesta quarta-feira (15), começarão a ser ouvidas já nesta semana. A informação foi confirmada pelo delegado Francisco Júnior, da Delegacia de Investigação de Homicídios, que assumiu o caso.
Segundo o delegado, as primeiras pessoas a prestarem depoimentos serão parentes da vítima e pessoas que presenciaram o crime. As notificações devem ser feitas já nesta quinta-feira (17).
O estudante de Matemática Guilherme Silva Neto, de 20 anos, foi assassinado pelo próprio pai no Setor Aeroporto. Conforme os levantamentos feitos até o momento, a motivação do crime seria o envolvimento do jovem em movimentos sociais que lutam contra a PEC dos gastos públicos, a implantação das Organizações Sociais (OSs) e a cultura do estupro. O autor, o engenheiro Alexandre José da Silva Neto, de 60 anos, se matou logo em seguida.
De acordo com o delegado Hellyton Carvalho, que estava à frente das apurações iniciais, o crime pode ter sido premeditado. Momentos antes do incidente, Alexandre estava esperando o filho em uma esquina próxima a residência deles. Assim que Guilherme saiu de casa, acabou sendo alvejado pelo próprio pai. “O filho ainda conseguiu correr cerca de um quarteirão. O pai perseguiu ele com o carro e, alcançando ele, efetuou mais disparos contra ele”, relata Carvalho.
Imagens gravadas por uma moradora de um prédio próximo ao local do crime mostra o momento em que o homem recarrega a arma, deita sobre o filho e dispara contra si mesmo. “Tudo indica que o crime teria sido premeditado”, frisa o delegado.
Segundo informações do G1, a mãe de Guilherme, a delegada aposentada Rosália de Moura Rosa Silva, disse à polícia que pai e filho tiveram uma discussão na manhã do crime motivada pela reintegração de posse em uma unidade ocupada por estudantes. O jovem queria participar das ocupações, mas o engeheiro não concordava.
Testemunhas também relataram que o engenheiro não queria que o filho participasse de protestos em uma escola em Goiânia. “Ele falou que preferia matar o filho ao vê-lo participar de um protesto”, contou uma das testemunhas ao delegado Hellyton Carvalho.
Ativista
Guilherme Silva Neto era estudante de matemática da Universidade Federal de Goiás (UFG) em Goiânia e participava ativamente de movimentos sociais e estudantes. Em seu perfil no Facebook, há publicações sobre as ocupações, PEC dos gastos públicos, implantação das Organizações Sociais (OSs) e cultura do estupro.
Ativistas ligados aos movimentos estudantis em Goiás se manifestaram hoje nas redes sociais. O professor Rafael Saddi lamentou que o conflito ideológico entre pai e filho tenha motivado o crime. “Não aceito, não. O Guilherme está morto. Um jovem que tinha o melhor da juventude: sua indignação, sua coragem e seu idealismo. Para quem conheceu o Guilherme, não era possível separar sua vida de suas ideias. Tampouco, poderão separar sua morte”, diz o texto.
Em nota, a UFG lamentou a morte do jovem.