Saúde

Trabalhadores denunciam demissão em massa em hospitais geridos por OS

Agir nega demissão em massa e afirma que promove "processos normais e contínuos da área de recursos humanos"

Foto: SES - Reprodução

Funcionários da Organização Social (OS) Agir denunciaram que está havendo uma demissão em massa nas três unidades de saúde administradas pela entidade: Crer, Hugol e HDS. De acordo com os relatos dos trabalhadores, a ação tem acontecido desde a última sexta-feira (21) e pegou todos de surpresa.

“Eles disseram que a empresa está se reestruturando e dessa forma teriam que desligar os colaboradores”, disse uma funcionária que não quis se identificar. “Todos fomos pegos de surpresa. Já comunicaram que não iremos cumprir aviso. Fui demitida hoje”, disse ela.

Outro funcionário, que também preferiu não se identificar, relatou que 35 funcionários foram demitidos desde sexta. “Só da equipe multidisciplinar foram uns 15 na sexta. Ontem mais 10 e hoje foram outros 10. Com isto setores estão ficando sem profissionais para prestar atendimento aos pacientes”, ressaltou.

Os servidores foram informados que podem ser recontratados, desde que passem por um processo seletivo. Entretanto, os últimos editais publicados preveem uma remuneração até 50% menor do que é pago hoje, de acordo com as pessoas demitidas.

“Eu tinha 2 empregos trabalhava em outro hospital. Pedi demissão para me dedicar integralmente à Agir. Em menos de 20 dias sou demitida. Agora estou aguardando seguro-desemprego, que não dá para pagar as contas”, disse uma das funcionárias demitidas.

“O jeito agora é entrar na fila dos desempregados do país, procurar novo emprego”, disse outro ex-servidor. “A remuneração  nos hospitais está cada vez menor e a Agir era uma das poucas que ainda valorizavam seus colaboradores”.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que não há previsão de redução do quadro de funcionários. A pasta informou também que não existe previsão de substituição da OS e que há nenhum edital de chamamento público de OS para as unidades citadas. Confira nota na íntegra no final da matéria.

Troca de CLT por cooperativas

A vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde-GO), Néia Vieira, afirmou ao Mais Goiás que acredita que o objetivo da Agir é substituir os funcionários com carteira assinada por cooperativas. Ela ressaltou ainda que essa mudança traz muitos problemas às unidades de saúde por causa da precarização do trabalho.

“As OSs fazem isso para diminuir os custos trabalhistas. A questão é economizar em cima do trabalhador mais uma vez. Isso tem gerado adoecimentos, porque essas cooperativas pagam por plantão. Muitas vezes os trabalhadores vão trabalhar doentes, com sintomas de Covid-19, porque se eles não forem, não recebem”, disse Néia.

A sindicalista ressaltou ainda que tem visitado as unidades de saúde e verificou que há poucos funcionários para atender a demanda. Hoje o Hugol estava lotado e o número de funcionários está muito pequeno. Recebemos informações de que lá tinham 20 técnicos de enfermagem para 180 pacientes. Isso não atende a necessidade do local”.

Outro ponto levantado pelo sindicato é a rotatividade do quadro de pessoal. De acordo com a vice-presidente, quando um trabalhador é afastado do trabalho por motivo de doença, a cooperativa encaminha outro que não conhece a rotina de trabalho da unidade, o que causa prejuízos no atendimento.

Resposta da OS

Por meio de nota, a Agir negou que esteja fazendo demissões em massa, mas que está realizando “processos normais e contínuos da área de recursos humanos, que incluem contratações e demissões de profissionais”. A OS comunicou ainda que conta com mais de 3.700 colaboradores celetistas e que esse número é suficiente para atender a demanda das unidades geridas pela instituição.

O texto ressalta também que não há risco de falta de colaboradores e que todos os afastamentos estão sendo repostos.

Confira nota da SES na íntegra

“Em atenção à demanda do Mais Goiás, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informa o que segue:

– Não há nenhuma previsão de redução do quadro de trabalhadores dos locais, visto que todas estão em franca expansão de atendimento, com disponibilidade de serviços à população.

– Também não está prevista mudança de Organização Social no Crer, HDS e Hugol. Quando isso ocorre é realizado um chamamento público para substituir a instituição ou troca da modalidade de contratação. No momento, nenhuma das opções são consideradas.

Secretaria de Estado da Saúde de Goiás”

Confira nota da Agir na íntegra

“A Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (Agir), em resposta à solicitação do Mais Goiás, esclarece que não está realizando demissões em massa, apenas processos normais e contínuos da área de recursos humanos, que incluem contratações e demissões de profissionais.

Destacamos ainda que o foco da Agir é garantir a oferta de uma assistência segura e de qualidade à população. Neste sentido, a instituição conta com mais de 3.700 colaboradores celetistas, um número bastante expressivo e suficiente para atender a demanda das unidades de saúde geridas pela instituição.

Reforçamos ainda que não há nenhum risco de falta de colaboradores, uma vez que todos os postos que ficaram vagos por questões de afastamentos por tempo indeterminado já estão sendo repostos e a quantidade de contratações é superior a de desligamentos. Todas as informações sobre as contratações e processos seletivos em andamento podem ser consultadas através do site www.agirsaude.org.br.

Por fim, reiteramos ainda que todas as ações da Agir são pautadas no compromisso institucional de garantir a prestação de um serviço de excelência na área da saúde e nos colocamos à disposição para eventuais esclarecimentos.”

*Atualizada às 22h45 do dia 25/01/2022 para acréscimo da nota da SES-GO