GREVE NA PANDEMIA

Trabalhadores dos Correios podem entrar em greve no dia 4 de agosto

Sindicato afirma que empresa está se aproveitando da pandemia para retirar direitos da categoria. Estatal afirma que atividades não serão paralisadas

Para 2022 estão previstas 19 lojas franqueadas em 11 cidades do Brasil (Foto: Divulgação)

Os trabalhadores dos Correios podem entrar em greve a partir do dia 4 de agosto, a partir das 22 horas, em todo o país. O indicativo da paralisação foi aprovado nesta quinta-feira (30), depois que a categoria recusou uma proposta de acordo coletivo feita pela empresa. A decisão final será tomada em uma assembleia geral marcada para a próxima terça (4), às 18h30.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Estado de Goiás (Sintect-GO), a direção da empresa quer tirar os benefícios dos funcionários, como auxílio alimentação e transporte, por exemplo, do manual da empresa. A entidade argumenta que o objetivo da empresa é fazer com que esses direitos sejam submetidos ao conselho de administração dos Correios.

“O que eles querem é tirar esses benefícios da negociação e colocá-los a mercê do conselho”, diz o diretor-adjunto do sindicato, Elizeu Pereira da Silva. “Que garantia nós teremos que esses benefícios serão mantidos amanhã?”.

De acordo com o dirigente, não há negociação, uma vez que a direção da empresa apresentou a proposta da retirada de 70 cláusulas do atual acordo coletivo. O argumento dos Correios é que a pandemia gerou grave impacto financeiro e que é preciso ajustar as contas em virtude de uma orientação do Ministério da Economia.

“Não temos negociação. Temos uma retirada de direitos. O argumento que os Correios estão com dificuldades financeiras é uma mentira. O serviço postal aumentou 25% durante a pandemia e a empresa não parou por um minuto. O governo e essa direção tem que parar de mentir”, disse o diretor.

Um dos exemplos citados pelo sindicato é a questão do auxílio alimentação. Ele ressalta que a proposta da empresa é retirar o benefício nos fins de semana, quando o trabalhador estiver de férias ou de licença médica. “Nossa categoria adoece muito”, diz o diretor. “Seja por ataques de cães na rua, seja por câncer de pele, o carteiro está sempre exposto”.

Greve

Sobre a paralisação, o sindicato afirmou que ainda está analisando a situação para que a decisão seja tomada da melhor forma possível. A análise do sindicato é que o governo federal está usando a pandemia como justificativa para promover uma retirada de benefícios.

“Não queremos fazer greve por greve. Mas eles estão se aproveitando da situação para retirar os nossos direitos. O carteiro hoje é um funcionário concursado que tem o piso salarial de R$ 1.800. O que eles querem é que tudo isso seja decidido por um general da reserva, que é uma indicação política, e que ganha R$ 46 mil por mês mais adicionais para ficar no ar condicionado o dia todo”, pontua Elizeu.

Resposta

Os Correios publicaram uma nota sobre a greve afirmando que as entidades sindicais promovem confusão entre os trabalhadores com a divulgação de “informações incorretas”. A empresa alega ainda que precisa se adequar à nova realidade dos desafios trazidos pela crise sanitária.

“Neste momento, em que milhões de pessoas encontram-se desempregadas e companhias têm encerrado suas atividades, a estatal deve prezar por sua sustentabilidade enquanto empresa pública dos brasileiros, buscando adequar-se ao que é praticado no mercado. Portanto, a proposta de acordo apresentada almeja suspender benefícios incompatíveis com a situação econômica da instituição e do país”, diz a nota.

O texto afirma também que a economia prevista com o ajuste dos benefícios será de R$ 600 milhões que as ações tem o objetivo de garantir a sustentabilidade da estatal. Além disso, a empresa ressaltou que, caso a greve seja deflagrada, já existe um plano de contingência formulado para garantir a continuidade das suas atividades.