Trabalhadores dos Correios podem entrar em greve no dia 4 de agosto
Sindicato afirma que empresa está se aproveitando da pandemia para retirar direitos da categoria. Estatal afirma que atividades não serão paralisadas
Os trabalhadores dos Correios podem entrar em greve a partir do dia 4 de agosto, a partir das 22 horas, em todo o país. O indicativo da paralisação foi aprovado nesta quinta-feira (30), depois que a categoria recusou uma proposta de acordo coletivo feita pela empresa. A decisão final será tomada em uma assembleia geral marcada para a próxima terça (4), às 18h30.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Estado de Goiás (Sintect-GO), a direção da empresa quer tirar os benefícios dos funcionários, como auxílio alimentação e transporte, por exemplo, do manual da empresa. A entidade argumenta que o objetivo da empresa é fazer com que esses direitos sejam submetidos ao conselho de administração dos Correios.
“O que eles querem é tirar esses benefícios da negociação e colocá-los a mercê do conselho”, diz o diretor-adjunto do sindicato, Elizeu Pereira da Silva. “Que garantia nós teremos que esses benefícios serão mantidos amanhã?”.
De acordo com o dirigente, não há negociação, uma vez que a direção da empresa apresentou a proposta da retirada de 70 cláusulas do atual acordo coletivo. O argumento dos Correios é que a pandemia gerou grave impacto financeiro e que é preciso ajustar as contas em virtude de uma orientação do Ministério da Economia.
“Não temos negociação. Temos uma retirada de direitos. O argumento que os Correios estão com dificuldades financeiras é uma mentira. O serviço postal aumentou 25% durante a pandemia e a empresa não parou por um minuto. O governo e essa direção tem que parar de mentir”, disse o diretor.
Um dos exemplos citados pelo sindicato é a questão do auxílio alimentação. Ele ressalta que a proposta da empresa é retirar o benefício nos fins de semana, quando o trabalhador estiver de férias ou de licença médica. “Nossa categoria adoece muito”, diz o diretor. “Seja por ataques de cães na rua, seja por câncer de pele, o carteiro está sempre exposto”.
Greve
Sobre a paralisação, o sindicato afirmou que ainda está analisando a situação para que a decisão seja tomada da melhor forma possível. A análise do sindicato é que o governo federal está usando a pandemia como justificativa para promover uma retirada de benefícios.
“Não queremos fazer greve por greve. Mas eles estão se aproveitando da situação para retirar os nossos direitos. O carteiro hoje é um funcionário concursado que tem o piso salarial de R$ 1.800. O que eles querem é que tudo isso seja decidido por um general da reserva, que é uma indicação política, e que ganha R$ 46 mil por mês mais adicionais para ficar no ar condicionado o dia todo”, pontua Elizeu.
Resposta
Os Correios publicaram uma nota sobre a greve afirmando que as entidades sindicais promovem confusão entre os trabalhadores com a divulgação de “informações incorretas”. A empresa alega ainda que precisa se adequar à nova realidade dos desafios trazidos pela crise sanitária.
“Neste momento, em que milhões de pessoas encontram-se desempregadas e companhias têm encerrado suas atividades, a estatal deve prezar por sua sustentabilidade enquanto empresa pública dos brasileiros, buscando adequar-se ao que é praticado no mercado. Portanto, a proposta de acordo apresentada almeja suspender benefícios incompatíveis com a situação econômica da instituição e do país”, diz a nota.
O texto afirma também que a economia prevista com o ajuste dos benefícios será de R$ 600 milhões que as ações tem o objetivo de garantir a sustentabilidade da estatal. Além disso, a empresa ressaltou que, caso a greve seja deflagrada, já existe um plano de contingência formulado para garantir a continuidade das suas atividades.