Trabalhadores protestam contra mudança da Feira do Novo Horizonte, em Goiânia
Feirantes reclamam da falta de infraestrutura do novo espaço, que também fica mais distante do centro do bairro
Trabalhadores protestaram, na manhã desta quarta-feira (6), contra a mudança de local da Feira do Novo Horizonte, no setor de mesmo nome, em Goiânia. Os manifestantes criticam a falta de diálogo e infraestrutura do novo espaço, localizado a 200 metros de onde a feira funciona atualmente. A previsão é de que a alteração seja feita ainda em fevereiro.
Segundo os trabalhadores, são realizadas duas feiras no mesmo local. Às quartas, com aproximadamente 360 feirantes, e aos sábados, com mais 400 comerciantes. Com a portaria assinada pelo prefeito Iris Rezende, no dia 1º de fevereiro, as feiras serão realocadas para uma rua adjacente, afastada do centro comercial do setor.
“Estamos nesse local há mais de 40 anos, muitas famílias dependem deste trabalho. O novo local não tem espaço para agrupar todo mundo. Indignação é a palavra porque tudo foi feito sem ouvir os trabalhadores. Não nos deixaram apresentar nossos ideais e necessidades”, disse o representante dos feirantes, Jean Sousa Albuquerque.
De acordo com ele, além da falta de diálogo, a reivindicação é por conta da infraestrutura do novo lugar. “É um espaço três vezes menor do que temos hoje, sem acesso à rede de energia, asfalto precário, próximo a um lote baldio, com mato alto e muita poeira”, criticou.
O trabalhador explica que teme o fim da feira após a mudança. “Temos exemplos de feiras que mudaram de lugar e acabaram. Sou um dos trabalhadores que vai desistir do local caso a situação não seja revertida”, lamentou.
Motivo
Jean afirma que desde 2017 há boatos da mudança. Segundo ele, os feirantes tiveram conhecimento de que quatro igrejas evangélicas e uma católica localizadas na região reclamaram da existência da feira no local e levaram a demanda ao vereador Kleybe Morais (DC). O político, por sua vez, teria solicitado a mudança ao prefeito da capital.
Por meio de nota, a Prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia (Sedetec) avaliou questões de trânsito e estacionamento para realizar a mudança de local das duas feiras. De acordo com o texto, o processo de alteração foi aberto 2017 e era uma das demandas dos moradores do Setor Novo Horizonte, “uma vez que os ônibus que atendem ao bairro passam pela avenida onde ocorrem as feiras”.
Mais protestos
Durante a manhã e a tarde desta terça-feira (5), cerca de 100 trabalhadores ocuparam as galerias da Câmara Municipal de Goiânia para protestar contra decreto do Prefeito Iris Rezende. O representante dos feirantes, Jean Sousa, subiu à tribuna para manifestar a posição contrária à alteração. “Em tradição não se mexe, porque aí você acaba com a história. Os moradores de lá também não querem a mudança”, disse.
O vereador Paulo Magalhães (PSD), também reivindicou, juntamente com os feirantes, a permanência no local, assegurando a comercialização e o acesso facilitado à comunidade.
“A Prefeitura de Goiânia não tem o direito de retirar cerca de 800 famílias do acesso ao trabalho. São quase 40 anos com o funcionamento no mesmo local. Transferir os trabalhadores para um local sem estrutura e distante do centro é um absurdo”, afirmou o vereador.
De acordo com o político, uma audiência com o prefeito deve ser marcada nos próximos dias para tratar sobre o assunto e discutir a possibilidade de permanência da feira no local. “Ele (Iris) não pode ouvir só um vereador. E aqui na Câmara todos são a favor dos feirantes”, disse.