CASO LILIAN

Três pessoas são denunciadas pela morte de mulher que sumiu após desembarcar em Goiânia

Segundo o órgão, o empresário Jucelino Pinto tentava esconder o relacionamento extraconjugal com a vítima, bem como a filha do casal

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou três pessoas pelo assassinato de Lilian de Oliveira, em fevereiro de 2020. (Foto: reprodução)

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou três pessoas pelo assassinato de Lilian de Oliveira, mulher que sumiu após desembarcar em Goiânia de uma viagem que havia feito para a Colômbia, em fevereiro de 2020. De acordo com o órgão, o empresário Jucelino Pinto da Fonseca teria planejado o crime após discordância sobre o pagamento de pensão alimentícia para a filha que possuía com a vítima, fruto de um relacionamento extraconjugal. A defesa dos denunciados diz que há elementos que provam a inocência e “afastam as versões fantasiosas”.

Além de Jucelino, também foram denunciados Ronaldo Rodrigues Ferreira, amigo do empresário, e Cleonice de Fátima Ferreira, que trabalhava como babá da filha da vítima. Os homens foram denunciados por homicídio qualificado e rapto e concurso de pessoas. Já a mulher foi denunciada pelo assassinato. Os três respondem o processo em liberdade.

De acordo com o MP, Lilian e Jucelino mantiveram um relacionamento extraconjugal e tiveram uma filha juntos. O órgão diz que, por ser casado, o empresário tentava esconder a relação com a vítima, assim como a criança.

Em razão dos desentendimentos acerca dos gastos decorrentes de seu relacionamento extraconjugal e da pensão alimentícia, o empresário teria iniciado o plano para matar a vítima. O Ministério Público narra que, à época, o homem revelou as pretensões para Cleonice, que era uma espécie de “babá” da criança e informava detalhes da vida pessoal de Lilian para o denunciado.

Execução

No segundo semestre de 2019, Lilian decidiu viajar para a Colômbia no intuito de encontrar um namorado, fato que despertou a ira de Jucelino. O empresário planejou matá-la naquele país, pois acreditava que as condições de segurança colombianas seriam favoráveis ao crime.

Conforme a denúncia, o homem contratou Ronaldo, que chegou a embarcar para a Colômbia em dezembro de 2019, mas não conseguiu executar o assassinato. O grupo, então, decidiu matá-la quando a mulher retornasse à Goiânia.
Segundo expõe o documento, Cleonice fez a compra das passagens da vítima e comunicou a data e horários de chegada para Jucelino, que acionou Ronaldo para receber a mulher no aeroporto sob o argumento de que a levaria para Pires do Rio, local onde ela residia.

Lilian, no entanto, foi levada para o encontro do empresário e acabou sendo assassinada a golpes de martelo. Depois do crime, os suspeitos teriam destruído o cadáver da vítima para impedir a investigação e descoberta do homicídio.

A mulher, que tinha 40 anos, chegou a ser considerada como desaparecida, mas as apurações da Polícia Civil apontaram que ela foi assassinada.

Outro lado

Em nota, a defesa dos denunciados diz que vê com surpresa a divulgação dos fatos de modo “tão parcial, tentando, os órgãos de persecução, irromper na sociedade uma indignação incompatível com aquilo que se comprovou pelo inquérito”. De acordo com o texto, antes, no inquérito, divulgava-se que o motivo era esconder um filho fora do casamento.“Agora, na denúncia, o motivo é outro (discordância sobre despesas em relação a um homem que pode arcar com isso)”.

“Antes, no inquérito, das várias versões, os investigadores escolheram a mais cinematográfica (vítima incinerada em uma caldeira), mas, nesse tempo não haviam laudos e exames no local. Hoje, na denúncia, já existe laudo oficial que comprova que não houve isso no local, que o sangue lá encontrado não é de mulher e possivelmente é de animal. Não data a denuncia que o laudo atesta ausência de temperatura para alcançar essa incineração. Seletivamente isso é omitido”, diz trecho.

Ainda conforme a nota, existiam confissões no inquérito, o que não existe mais na denúncia. “Hoje, nada se fala sobre o procedimento em curso e que avalia lesões em um dos réus, um dia após o interrogatório sem a presença de advogado. Procedimento realizado pela corregedoria da polícia civil e que busca avaliar abusos. No geral, há elementos que já levam à inocência e afastam as versões fantasiosas”, lê-se.